Com o fim do ano escolar, as nossas crianças têm mais tempo livre… E agora? O que fazer com ele? Será que devemos preencher todos os momentos com atividades, semanas temáticas ou trabalhos de férias? É claro que estes elementos são importantes para ocupar os períodos em que os pais ainda estão a trabalhar. Especialmente este ano, em que muitas colónias de férias e passatempos voltaram e, com elas, regressa um verão ainda mais especial.
Acima de tudo, é importante valorizar os momentos em família, os momentos para brincar, os momentos para nada fazer e tudo aproveitar.
Ainda que se alterem, as rotinas são importantes na organização psíquica, com forte impacto em termos emocionais e comportamentais, começando numa boa higiene do sono: horas de dormir e horas de acordar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é recomendado que as crianças com menos de cinco anos durmam dez horas e brinquem pelo menos três horas por dia.
Os benefícios de brincar e do movimento físico na infância são inesgotáveis. Andar de bicicleta ou de skate, jogar à bola, às escondidas, à apanhada, construir puzzles ou legos, saltar à corda, jogar à macaca, recuperar jogos de tabuleiro, cartas ou dominós. Sem nunca esquecer do brincar livre, do brincar ao faz de conta, ensaiando aventuras inesquecíveis, vencendo monstros, medos e outros desafios nunca antes elaborados.
Temos de compreender que a brincadeira não estruturada e os jogos são, efetivamente, uma fonte de enorme aprendizagem a múltiplos níveis: cognitivo, emocional, psicomotor, físico, comportamental e social. Desenvolvemos a imaginação, o pensamento, o raciocínio lógico e abstrato, a nossa capacidade de organização e de comunicação, para além de melhorarmos a capacidade de concentração e atenção, e aumentarmos a criatividade, a autoconsciência, o bem-estar e a capacidade de resolução de problemas.
A importância do brincar é tanta que está previsto na Declaração Universal dos Direitos das Crianças. Para além de um direito, é uma necessidade!
Sempre que possível, privilegie o ar livre, brincar na rua e aproveitar o calor, para engendrar brincadeiras com água, piscinas, mangueiras ou pistolas de água, todas elas válidas para refrescar e socializar.
É claro que não substituem banhos no mar e construções engenhosas na areia, ou apanhar conchas e pedrinhas para construir um quadro das férias, ou ainda registar desejos para o novo ano letivo.
Quando as viagens de automóvel ou autocaravana forem exigentes, resistam offline. Bolas de sabão, jogos de palavras (como encontrar os objetos da cor x ou associar um nome às letras da matrícula de um carro), cantar diferentes músicas ou desenhar em conjunto, podem ser bons aliados.
Para os adolescentes, é fundamental controlar o uso das tecnologias e o acesso às redes sociais, privilegiando novamente os encontros e convívios com os amigos. As privações dos últimos dois anos reforçaram atividades mais individuais, pelo que recuperar o prazer nos convívios sociais deve ser uma prioridade!
Os adultos têm um papel fundamental. Não esquecendo que todos os gadgets são muito apelativos, quer para miúdos quer para graúdos, todos temos o enorme desafio de criar as melhores memórias, offline.
Estamos on para estes novos desafios?
Vamos juntos, e boas férias!