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4 julho 2024
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Ricardo Castelo Fotografia de Ricardo Castelo

Vacinação nas farmácias foi «um sucesso»

​​A participação das farmácias comunitárias na passada campanha de vacinação sazonal contra a gripe e a COVID-19 ajudou a manter a taxa de cobertura vacinal e agradou à população, comprova estudo.

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​«A campanha de vacinação sazonal correu claramente bem», garante o diretor de Soluções e Evidência em Saúde (SES) da Associação Nacional das Farmácias (ANF). «Ao avaliarmos a política pública implementada, demonstramos que a participação das farmácias comunitárias contribuiu de forma importante para a manutenção da cobertura vacinal no caso da gripe, num contexto nacional e internacional, em que se esperava a diminuição deste indicador. Para além disso, melhoramos o acesso e a satisfação das pessoas com a experiência da vacinação. Por estes dois grandes motivos faz sentido manter e aprofundar a estratégia de vacinação sazonal adotada», afirma António Teixeira Rodrigues.

Em Portugal continental, entre 29 de setembro de 2023 e 30 de abril de 2024, quase 2,5 milhões de pessoas vacinaram-se contra a gripe e quase dois milhões contra a COVID-19, de acordo com dados da Direção-Geral da Saúde. Pela primeira vez, a campanha de vacinação sazonal do Serviço Nacional de Saúde (SNS) deu à população com 60 ou mais anos a opção de se vacinarem contra a gripe e contra a COVID-19, gratuitamente nas farmácias comunitárias, para além dos pontos habituais de vacinação do SNS.


Quase 2,5 milhões de pessoas vacinaram-se contra a gripe e quase dois milhões contra a COVID-19, na campanha de vacinação sazonal do SNS

As farmácias e a população aderiram massivamente: cerca de 2.500 farmácias participaram na iniciativa e 1.740.961 pessoas escolheram vacinar-se nas farmácias contra a gripe (70% de todas as vacinas administradas) e 1.375.967 contra a COVID-19 (69% de todas as vacinas administradas).

Como resultado, Portugal continua a ser uma «referência internacional» na vacinação sazonal, tanto para a gripe como para a COVID-19. No caso da gripe, foi possível manter a cobertura vacinal do ano anterior para a população com 65 ou mais anos (72%). No caso da COVID-19, verificou-se um decréscimo na cobertura face às campanhas anteriores, mas de expressão muito inferior ao que se verificou noutros países europeus: a taxa média de cobertura vacinal nos estados-membros da UE foi de 12% para as pessoas com 60 ou mais anos, enquanto em Portugal se situou entre 50% e 59%, para a mesma faixa etária, de acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças. Ou seja, apesar da redução, Portugal continua a ser um dos países europeus com maior adesão a esta vacina.

Trata-se de uma vitória, se tivermos em conta a fadiga vacinal que se faz sentir em todo o mundo no pós-pandemia de COVID-19. «A vacinação enfrenta desafios gigantes, com a adesão a ser condicionada pela hesitação vacinal crescente, um fenómeno assente em crenças e diversas motivações que condicionam o atraso ou recusa de vacinas. Torna-se fundamental desenhar novas políticas de saúde que diminuam as barreiras à vacinação e contraponham estas dificuldades», nota o investigador.

​​A capacidade do sistema de saúde para vacinar aumentou, graças à inclusão das farmácias no processo

Na sua opinião, a estratégia da Direção Executiva do SNS de integrar as farmácias na Campanha de Vacinação Sazonal de 2023-2024 foi uma aposta ganha. Mais do que opinião, há evidência científica que prova que a facilidade de acesso à vacinação, garantida pelas farmácias, facilitou a adesão. «Nos municípios onde a distância ao local de vacinação mais se reduziu pela introdução dos pontos de vacinação das farmácias, a cobertura vacinal aumentou face à campanha anterior. Isto é extraordinário», afirma António Teixeira Rodrigues. Também ficou provado que a capacidade do sistema de saúde para vacinar aumentou, graças à inclusão das farmácias no processo.

A vontade dos portugueses de manter as farmácias nas campanhas sazonais de vacinação foi destacada num estudo* realizado junto da população portuguesa com 60 ou mais anos: 95% dos inquiridos afirmou concordar com o alargamento da vacinação contra a gripe e a COVID-19 às farmácias comunitárias. A proximidade e a rapidez foram os principais motivos apontados pelas pessoas para preferirem vacinar-se nas farmácias, mostra o estudo, que revelou também elevados níveis de satisfação com a campanha, quer nas farmácias comunitárias, quer nos centros de saúde, em relação ao horário, tempo de espera, competência dos profissionais e localização geográfica.

«A satisfação global aumentou face à campanha anterior», avança o diretor de SES. «Se tivermos em conta a satisfação das pessoas e a cobertura alcançada, podemos concluir que esta campanha foi um sucesso». Para António Teixeira Rodrigues, esta é a prova de que as farmácias devem continuar a ser parceiras nas campanhas nacionais de vacinação. «Permite retirar pressão do SNS, que fica mais livre para intervenções que não podem ser prestadas por outros profissionais». No fim de contas, fica o país a ganhar.

*Estudo promovido pela ANF, desenvolvido pelo Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR) e realizado pela Spirituc - Investigação Aplicada, com base num inquérito telefónico (metodologia CATI) a uma amostra aleatória de residentes em Portugal continental. O inquérito foi aplicado em dois momentos, o primeiro antes do início da época vacinal (setembro de 2023) a uma amostra de 1.400 pessoas, e o segundo entre 25 de janeiro e 7 de fevereiro, tendo sido possível recolher dados de 1.200 das 1.400 pessoas iniciais (margem de erro de 3% e intervalo de confiança de 95%)