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29 maio 2020
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa

Uma resposta original

​​​​​​​​​A Farmácia São Brás criou uma estrutura ​para proteger os utentes da COVID-19.​

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Quando em Março a pandemia COVID-19 veio revirar do avesso a vida de toda a gente, a Farmácia São Brás optou por não fazer alterações: manteve o horário e a equipa de nove pessoas a trabalhar em simultâneo. O proprietário da farmácia algarvia justifica porquê: «Não seria justo para a população de São Brás de Alportel, pois não teríamos condições para manter a qualidade do atendimento».



Jorge Santos comprou placas de acrílico para resguardar os seis balcões da farmácia e equipou os colaboradores com luvas e máscaras. Para proteger os utentes encontrou uma solução criativa: em menos de 24 horas conseguiu que uma carpintaria local montasse no interior da farmácia uma estrutura em madeira, com dois metros de altura, que individualiza o espaço onde os utentes são atendidos. «Era a única maneira de atendermos tantas pessoas ao mesmo tempo em segurança», explica o director-técnico, satisfeito porque as pessoas reagiram bem à inovação. Entretanto, instalou uma estrutura transparente, em acrílico, que «dilui a sensação de confinamento».​

Olhando para trás, Jorge Santos está satisfeito com a solução encontrada. A farmácia conseguiu apoiar a comunidade nesta altura difícil e, escapou, para já, ao impacto da quebra de vendas. Em Março a facturação aumentou e, nos últimos dois meses, manteve-se. É um sinal positivo face à incerteza que se avizinha. O proprietário acredita que a pandemia vai criar a muitas farmácias «dificuldades financeiras difíceis de ultrapassar». Foram várias as despesas acrescidas: os produtos de protecção e desinfecção para os colaboradores e limpeza das farmácias. As estruturas de protecção dos balcões. O aumento de stock, sobretudo em Março, que requereu complexidade logística e empate de capital. As entregas domiciliárias gratuitas.

Agora, é a quebra de poder de compra que ameaça a venda de produtos como solares, linhas de higiene, dermocosmética e nutrição. «As farmácias vão ressentir-se», estima Jorge Santos. A Farmácia São Brás criou um folheto que entrega aos utentes no final do atendimento com informação sobre as campanhas mensais. «Temos a esperança que a pessoa, quando chega a casa, se entusiasme e compre o produto na próxima vez que nos visita», anima-se o proprietário.



Localizada na serra algarvia, a 20 quilómetros da costa, a Farmácia São Brás não depende do turismo de Verão para viver. A maioria dos clientes pertence à comunidade residente, onde se inclui um considerável número de estrangeiros, sobretudo idosos. «Participam na vida da comunidade como se fosse a terra deles», esclarece Jorge Santos. Nesta altura de pandemia, a Farmácia São Brás contribuiu para aumentar o conhecimento da comunidade sobre a COVID-19. «É importante esta informação ser dada presencialmente pelo farmacêutico, em quem as pessoas confiam. A confiança é muito importante».



A farmácia também se disponibilizou para entregar medicamentos hospitalares e está disponível para manter o serviço no futuro. Maria Helena Condinho, cliente da Farmácia São Brás há 30 anos, tornou-se uma das duas utentes deste novo serviço. Um cancro na mama diagnosticado há três anos levou-a duas vezes à mesa de operações. Agora está bem. Vive a pandemia com algum receio e não descura os cuidados. «Os primeiros tempos foram complicados em termos psicológicos», confessa. A empresa de handling onde trabalha, no aeroporto de Faro, entrou em layoff e Helena tem-se mantido resguardada em casa, com o apoio da família e dos dois cães, uma grande companhia. Não hesitou quando, em Maio, soube que podia receber na farmácia a medicação hospitalar diária de que precisa como forma de prevenção do aparecimento de novos tumores. Evitou deslocar-se à farmácia do Hospital de Faro, a 20 quilómetros de casa. «Correu tudo bem, gostei do serviço e do atendimento. É uma solução muito mais cómoda», assegura.

Na Farmácia São Brás também aumentaram as entregas domiciliárias. Este serviço não consta do “cardápio", mas quando os utentes pedem, a farmácia entrega. Os pedidos chegam sobretudo da comunidade estrangeira que, tendo mais idade, prefere manter-se resguardada em casa. Encomendam por telefone ou email e levantam a encomenda já preparada na farmácia ou pedem para receber em casa. Anne (nome fictício) e o marido, preferem receber em casa. O casal inglês escolheu há 24 anos o Algarve para viver a reforma. Em São Brás de Alportel têm tudo o que precisam e «no topo da lista está a Farmácia São Brás», garante a inglesa. Ela tem 76 anos, o marido mais de 90. Sem apoio familiar, o casal sente-se «muito dependente» da farmácia, que é uma «extensão da própria família». Mais ainda agora. Não saem de casa desde meados de Março, apenas se deslocam ao jardim da casa para apanhar ar fresco. Sem o apoio da farmácia, teriam de recorrer a um taxista para recolher os medicamentos na farmácia. «Entregam-nos em casa sem cobrar nada por isso. É maravilhoso», conta Anne, comovida. «São uma parte importante da nossa vida. São tão simpáticos e prestáveis! Conhecemos o doutor Jorge há anos e não há nada que ele não faça para ajudar».