As pessoas em situação de sem-abrigo ocupam o dia-a-dia a lutar pela sobrevivência: encontrar um local para pernoitar, alimentar-se, cuidar da higiene. «Quando estas necessidades estão asseguradas, que é o que uma casa promove, a pessoa pode começar a investir noutros aspectos da sua vida», explica Cristiana Merendeiro, coordenadora do “É UMA CASA, Lisboa Housing First”. O projecto foi iniciado em 2013 na Mouraria, em Lisboa, com sete casas, hoje conta com 120 habitações. Das 110 pessoas integradas, 90 por cento não regressaram à situação de sem-abrigo.
Ao sentirem-se seguras e apoiadas, as pessoas começam a investir na higiene e imagem, passam a cozinhar, aderem a apoios sociais, vão às consultas e tomam a medicação, o que contribui para a estabilidade. A partir daqui é possível sonhar mais alto. Muitos recuperam laços com a família, criam novos com os vizinhos, começam a estudar, às vezes integram-se no mundo laboral.
A metodologia Housing First é norte-americana, dos anos 90, e tem sido implementada com sucesso em diversos países da América do Norte e Europa. Chegou a Portugal em 2009 e a CRESCER – Associação de Intervenção Comunitária começou a aplicá-la em 2013, ajustada à população com quem trabalha: pessoas em situação de vulnerabilidade e que consomem substâncias psicoactivas.
As casas são alugadas pela CRESCER, com financiamento da Câmara Municipal de Lisboa e do Instituto da Segurança Social. Mas o projecto vai muito além da simples entrega de uma chave. Os novos inquilinos são acompanhados por uma equipa especializada que os visita semanalmente e apoia nos seus objectivos. Desde a higiene da habitação, higiene pessoal, ida às compras, informação sobre os serviços da comunidade, até à facilitação de actividades de cariz formativo, ocupacional ou laboral. «Os técnicos gestores são facilitadores na integração da pessoa na sua nova rotina», explica Cristiana Merendeiro.
Não é exigido aos inquilinos que parem o consumo de substâncias, caso exista, ou adiram a consultas ou a medicação. Também podem ser integradas pessoas em situação irregular no país. A única regra é aceitar o apoio da equipa e, quando o inquilino tenha rendimentos, comparticipar com 30 por cento dos mesmos para o projecto.
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