A Operação Nariz Vermelho (ONV) nasceu graças à carolice de três voluntários: a brasileira Beatriz Quintella, o norte-americano Mark Mekelburg e a portuguesa Bárbara Ramos Dias. Quiseram trazer para Portugal a técnica de clown, que nasceu em França, nos anos 60, com a École Internationale de Théâtre Jacques Lecoq, o mímico parisiense que propunha como métodos de ensino o teatro físico, o movimento e a mímica. «Uma técnica que acentuava o corpo e levava o clown do circo, onde é mais conhecido, para o teatro», explica Andreas Piper, um dos 25 Doutores Palhaços, que aderiu à ONV logo em 2003, um ano após a criação.
A profissão de Doutor Palhaço só nasce no início dos anos 90, mais uma vez em França e no Brasil. «Fazia todo o sentido levar os palhaços para dentro do hospital, onde falta a alegria», explica Andreas. O conceito espalhou-se rapidamente pelo mundo e hoje há países, como a Alemanha natal de Andreas, onde além de formação específica em clown é possível estudar para ser palhaço de hospital. Ser Doutor Palhaço implica dominar várias competências: «técnica sólida de actor, conhecer técnicas de palco, saber falar em público, noção do ritmo e saber usar o corpo, mais do que a fala, para contracenar e expressar-se».
Há investigações que comprovam o impacto do trabalho conjunto dos Doutores Palhaços e das equipas hospitalares na saúde das crianças. Um estudo feito em parceria com a Universidade do Minho, em dez hospitais portugueses, mostrou que 86 por cento das crianças e adolescentes colaboram melhor com os tratamentos e exames, 84 por cento toleram melhor a dor e 93 por cento esquecem por alguns momentos que estão no hospital. Os resultados positivos fazem sentir-se também junto dos pais das crianças. «O nosso trabalho ajuda a criança a ter lembranças positivas do hospital, cria uma luz mais positiva», resume Andreas Piper.