Houve algum concerto que, em retrospetiva, se arrepende de ter feito?Houve atuações em que eu devia ter ficado em casa, certamente, mas não tem tanto a ver com o interpretar ou cantar, porque eu sempre dei tudo o que tinha com voz, sem voz, com febre, de coração partido e feliz. A música é uma das minhas melhores amigas, portanto, aquilo que pode não ter corrido tão bem não foi quando eu estava a cantar, mas entre as músicas. Lembro-me antes de Amor Electro fazer a pausa, no ano em que o Rex faleceu*, fomos fazer o fim de ano a seguir e eu deveria ter dito que não. Foi das coisas que mais me custou fazer. Quando me pediram para fazer a contagem decrescente, saí do palco e não consegui entrar mais. Foi, de todas as recordações que tenho em palco, daquelas que eu já devia ter aprendido. Hoje diria que não.
*Rex é a alcunha de Rui Rechena, baixista original dos Amor Electro, que morreu em 2019, aos 53 anos.