Revista Saúda - Editou, no final de 2016, o álbum «Life is Long», com Scott Matthew. Como é que um português e um australiano radicado nos Estados Unidos da América se juntam para fazer um disco?
Rodrigo Leão - A ideia surge em 2011, quando eu estava a trabalhar um disco que se chama «A Montanha Mágica». Era um álbum essencialmente instrumental, mas que tinha duas canções que eu achava que valia a pena tentarmos ter voz. E pensei logo no Scott.
RS - Já o tinha ouvido...
RL - Um dos meus irmãos tinha-me oferecido um CD dele, uns anos antes. E um grande amigo, o João Pedro Dinis, que anda muito atento às coisas que se vão fazendo, também me mostrou o trabalho dele.
RS - Como vão dessa música ao álbum, cinco anos depois?
RL - Quando fizémos a primeira colaboração, não chegamos a conhecer-nos pessoalmente. Ele estava a fazer uma turné na Europa, nós, em Lisboa, a terminar o disco em contratempo, como sempre. Foi tudo à distância. Passados seis meses, o Scott veio cá e nós convidámo-lo para participar em alguns concertos. Aí conhecemo-nos e eu penso que as coisas resultaram bem. Fizemos outro tema passado uns meses para uma colectânea que saiu em 2012. E aí sim, nasceu a vontade de fazermos um disco juntos.
RS - Tinha uma ideia do tipo de som que estava à procura? Ou queria ver o que surgia do contacto com o Scott?
RL - Inicialmente, pensei «vamos ter que falar muito um com o outro para percebermos que tipo de trabalho queremos fazer» mas, na verdade, isso acabou por não acontecer. Foi tudo muito intuitivo.
RS - O processo de composição foi mais curto?
RL - Nem por isso. Demorou dois ou três anos. Uma das vantagens foi precisamente saber que não tínhamos nenhuma pressão, que podíamos fazer o que quiséssemos, quando quiséssemos. E depois havia entre nós gostos muito semelhantes em relação a grupos dos anos 80, como os Clash ou Joy Division. Portanto, havia um universo que nos era comum e que facilitou a nossa relação.