O diagnóstico de cancro é sempre um momento desafiante. A pessoa vê a sua vida alterada, não apenas pela doença em si, mas também pelos efeitos dos tratamentos, como fadiga, dores, alterações no apetite e impacto psicológico. Nos últimos anos, a ciência tem reforçado o papel do exercício físico como ferramenta terapêutica complementar, capaz de reduzir sintomas, apoiar na recuperação e devolver a autonomia.
Benefícios do exercício físico para pessoas com doença oncológica
O exercício físico, devidamente adaptado e acompanhado por um profissional habilitado, promove múltiplos benefícios:
- Redução da fadiga, um dos sintomas mais debilitantes associados aos tratamentos;
- Melhoria da função imunitária, contribuindo para uma melhor resposta do organismo à quimioterapia e radioterapia;
- Manutenção da massa muscular e da densidade óssea, frequentemente comprometidas durante o tratamento;
- Aumento da capacidade cardiorrespiratória, que ajuda a reduzir complicações cardiovasculares;
- Impacto positivo no bem-estar psicológico, diminuindo a ansiedade, o risco de depressão e aumentando a autoestima.
Importa sublinhar que estas vantagens não são apenas fisiológicas. O exercício confere a estas pessoas uma sensação de controlo, algo fundamental num processo em que tantas vezes se sentem sem controlo sobre o que está a acontecer na sua vida.
Como deve ser o treino
Cada plano deve ser individualizado e adaptado ao tipo de tumor, à fase do tratamento, ao estado físico e a eventuais limitações. A intervenção deve ser sempre realizada em articulação com a equipa médica e reavaliada periodicamente para garantir que o treino está devidamente ajustado.
Os principais pilares são:
1. Treino aeróbico moderado
Caminhadas, bicicleta estática ou hidroginástica, praticados duas a três vezes por sema- na, ajudam a melhorar a resistência, regular o sono e reduzir a fadiga.
2. Treino de força
Exercícios com elásticos, pesos leves e máquinas adaptadas preservam a massa muscular e funcionalidade, recomendando-se duas sessões semanais.
3. Flexibilidade e mobilidade
Alongamentos suaves e exercícios articulares evitam rigidez e melhoram a postura, muitas vezes afetada pelos tratamentos.
4. Respiração e relaxamento
Técnicas respiratórias, ioga e pilates adaptado ajudam a gerir o stresse e a melhorar a oxigenação dos tecidos.
Precauções essenciais
Apesar dos inúmeros benefícios, é fundamental garantir a segurança:
- O treino deve ser supervisionado por profissionais especializados em exercício oncológico;
- Os períodos de maior debilidade devem ser respeitados, através do ajustamento das car- gas e da intensidade;
- O treino deve ser imediatamente interrompi- do em caso de dor intensa, tonturas, falta de ar ou hemorragias.
O exercício físico não substitui o tratamento oncológico, mas é hoje entendido como um complemento imprescindível, que promove a saúde, o bem-estar e a confiança. Representa um investimento na qualidade de vida durante e após os tratamentos, permitindo que a pessoa recupere forças e encontre motivação para enfrentar o futuro. Em cada sessão de treino há muito mais do que movimento: há esperança, superação e a prova de que a atividade física, quando bem orientada, pode transformar de forma profunda o percurso de quem luta contra o cancro.