No centro de Aveiro, em plena Avenida Santa Joana, ergue-se um dos edifícios mais emblemáticos e importantes da cidade. O nome da avenida que o enverga – e que não foi escolhido ao acaso – deixa adivinhar parte da sua história.
É desde 1911 que o Museu de Aveiro ocupa o antigo Convento de Jesus da Ordem Dominicana feminina. Ali, entre as freiras dominicanas, viveu a padroeira da cidade, Santa Joana Princesa, desde 1475 até à sua morte.
José António Cristo, director do museu e conhecedor apaixonado da história da cidade, conta como os aveirenses se encheram de orgulho quando a princesa escolheu Aveiro para local de residência. «Ela deixou uma marca enorme, sobretudo através da generosidade que tinha para com as pessoas», explica.
Conhecida por acudir às preces dos fiéis, há relatos de que toda a vila ficou de luto aquando da sua morte. «Os aveirenses choraram-na como se tivessem perdido a própria mãe».
O culto a Santa Joana mantém-se até aos dias de hoje. O seu túmulo, que repousa à entrada do museu, é uma das magnificentes peças desta casa, onde diariamente é possível encontrar pessoas a rezar em silêncio.
«Esta estrutura foi definidora do que é Aveiro e do que nós somos, como aveirenses». O director do museu revela até que ali, noutros tempos, os marnotos iam pedir as pomadas e unguentos que curavam as feridas causadas pelo salitre, na planta do pé e nos olhos.
Para uma experiência ainda mais envolvente, e a pensar nas regras de distanciamento físico tão importantes nesta altura, basta descarregar um leitor de código QR e apontar o telemóvel para os códigos espalhados pelo espaço.
A solução, desenvolvida em colaboração com a Universidade de Aveiro, promete desvendar os segredos mais bem escondidos nas peças menos esperadas. «Quando nós olhamos para o altar da igreja não nos passa pela cabeça todo um universo atrás do que é visível», conta José António Cristo. «Aquele era um espaço utilizado diariamente, onde há escadas e acessos, que as religiosas enfeitavam com flores e velas».
Das relíquias de Santa Joana às grandiosas salas da zona monumental, o Museu de Aveiro é um labirinto de cultura onde os visitantes se deixam perder. Sem esquecer a exposição permanente, repleta de obras de pintura, escultura, talha, azulejo e ourivesaria.
«Passando a vaidade, este será um dos melhores museus portugueses», afirma o director. «E não tenho dúvidas de que quem queira conhecer Aveiro pode fazê-lo através da história do Convento de Jesus e dos seus personagens».
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