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2 outubro 2020
Texto de Vera Pimenta Texto de Vera Pimenta Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de Nuno Santos Vídeo de Nuno Santos

500 anos de doçura

​​​​Não há Aveiro sem ovos moles.

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Ovos, água e açúcar dançam num doce recheio que se desfaz na boca à primeira dentada na hóstia estaladiça. A cobri-los, uma calda de açúcar que deixa um leve sabor a caramelo no paladar. Nas caixas de diferentes tamanhos, conchas, búzios e peixes, a lembrar o mar, guardam o verdadeiro sabor aveirense.

Andreia Felizardo trabalha na confeitaria M1882 há pouco mais de oito anos. Foi na produtora mais antiga da região que aprendeu a arte do ovo mole, um produto certificado, cujo único ingrediente secreto acredita ser o respeito pela tradição.

«Esta é uma iguaria com mais de 500 anos», conta a doceira de 36 anos. E explica que a receita nasceu pelas mãos das freiras aveirenses, no antigo Convento de Jesus. «Na nossa casa tem passado de geração em geração nos últimos 130 anos».

Da cozinha até ao balcão de uma das duas lojas da marca espalhadas pela cidade, são necessários três dias. O primeiro passo é o recheio. A doceira começa por separar as gemas das claras. Ao lume, água e açúcar misturam-se até atingirem o ponto pérola. As gemas envolvem-se depois. 

Nesta casa o preparado é cozinhado na lenha, em grandes tachos de cobre que fazem lembrar outros tempos. Calmamente, e com muito amor, toma-se conta da massa, para evitar que se criem cristais de açúcar. O recheio fica então em repouso até ao dia seguinte, altura em que será colocado, com perícia, nas formas cobertas de hóstia. 

Depois de recortados à mão os contornos, o ovo mole descansa mais 24 horas. No terceiro dia, por fim, está pronto a fazer os deleites de quem por ali passa.
O negócio começou numa garagem do bairro da Beira-Mar. «A porta estava fechada e cada cliente tinha de tocar à campainha», conta Andreia. Nesse emblemático espaço, nasceu a marca e a história da produtora de ovos moles mais conhecida da cidade.

Em memória desses tempos, a M1882 continua a ser conhecida como a “garagem das velhinhas” – que até hoje se mantém em funcionamento. «A nossa garagem vai continuar a funcionar, de porta fechada», sorri. «Quando tocam à campainha, há sempre alguém que vai à porta atender».

Para conhecer mais desta história, peça a #RevistaSaúda deste mês na sua farmácia.​​​​

 

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