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7 abril 2018
Texto de Irina Fernandes Texto de Irina Fernandes Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

«Sou um tipo simpático e porreiro»

​​​​​​​«Fazer televisão foi algo inesperado na minha vida».

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​REVISTA SAÚDA: Tinha 16 anos quando se estreou no jornalismo. Lembra-se da primeira notícia que escreveu?
JÚLIO MAGALHÃES: Sim, claro. Iniciei-me como colaborador no jornal «O Comércio do Porto» e, na altura, fui assistir a um jogo de reservas entre o Rio Ave e o Varzim. O meu trabalho era anotar o nome dos jogadores que marcavam os golos, quem levava cartão amarelo ou vermelho. Quando chegava à redacção ditava a informação a um jornalista e, depois, no dia a seguir, saía a notícia publicada e assinada com o nome de Juca Magalhães.
 
O desporto, e em especial o basquetebol, sempre foram uma paixão…
Sim, sem dúvida. Comecei a minha carreira jornalística na área do desporto e, desde miúdo, sempre gostei de jogar basquetebol. Comecei a jogar quando vivia em África e quando vim viver para o Porto fui jogador no Porto Basquete. Jogava e, ao mesmo tempo, trabalhava. Anos mais tarde, fui treinador.
 
Ainda faz bons lançamentos ao cesto?
Sim, sim. [risos] Quando se pratica um desporto nunca mais se esquece. Já não corro como corria, mas muitas vezes pego na minha bola e vou para a Foz, onde há tabelas. Tenho amigos que foram da minha equipa que ainda se juntam para jogar, mas eu, atendendo à saúde, já não participo.


 
Por que razão?
Ouvi relatos sobre ex-jogadores que se sentiram mal no balneário e morreram. Isso impressionou-me muito. Eu gosto é de fazer uns lançamentos e bater umas bolas…
 
Em campo ainda manda na bola?
Eu mando na bola, a idade manda no corpo! E é por isso que já não participo em jogos, onde é preciso correr muito.
 
Entre dribles e a escrita de notícias, acabou por estrear-se no pequeno ecrã. Fazer televisão foi algo inesperado?
Completamente! Nunca me passou pela cabeça fazer televisão. Eu gostava de jornais, a televisão nunca esteve no meu horizonte e até achava que não era uma coisa para mim.
 
Até que…
Quando estava no semanário «O Liberal», fui convidado a ser colaborador da RTP para fazer resumos desportivos. Ao fim de um ano comecei a apresentar notícias de desporto no jornal e, pouco tempo depois, surgiu o «Bom Dia», programa que fiz juntamente com o Manuel Luís Goucha. Nada foi programado. Na altura, acharam que eu era um tipo espontâneo… e foi assim que tudo começou…
 
Sentiu-se confortável à frente das câmaras?
Sim, nunca tive problema com as câmaras. Estou na televisão como estou aqui a falar. E isso foi o que me permitiu fazer uma carreira simpática. Tanto aparecia no ecrã como jornalista como apresentava galas da TVI. Andei sempre no limbo entre a informação e o entretenimento.
 
Onde foi buscar essa versatilidade?
Acho que a herdei da minha infância. Até aos 12 anos vivi em África e lá vivíamos em liberdade e à vontade.
 
Foi sempre um miúdo cheio de energia…
Dos 18 aos 25 anos fiz vários Interrails. Na década de 80 ainda pouca gente o fazia, e eu metia-me num comboio de mochila às costas e corria a Europa toda. Só queria juntar dinheiro para fazer mais viagens.
 
Despediu-se dos ecrãs da TVI em 2012. Que balanço faz desses anos?
Foram anos magníficos. Estive nove anos na RTP, onde fiz trabalhos muito marcantes, mas foi na TVI que tive uma visibilidade tremenda pois foi-me dada a oportunidade de fazer de tudo um pouco. Há uma coisa que as pessoas sabem sobre mim: sou um tipo simpático e porreiro. Isso era o que mais me importava.
 
O ditado popular diz «O bom filho à casa torna».
Pois é…
 
Voltaria a trabalhar em Lisboa ou isso está fora de questão?
Não, não está. Nos dias que correm não sabemos o que nos espera. Eu estou aqui mas, um dia, a administração do Futebol Clube do Porto, que é a detentora do Porto Canal, pode achar que eu já não sirvo e terei de procurar trabalho. Espero ficar aqui por muitos anos, e é esse o meu objectivo, mas não posso dizer que não vou trabalhar para mais lado nenhum.
 
É director do canal há seis anos. Que desafios lhe trouxe, como profissional e pessoa?
O Porto Canal representa um recomeçar aos 49 anos. Foi o erguer de uma casa e de um projecto novo. Encontrei aqui profissionais que são do melhor que tenho visto. É muito mais difícil estar no Porto Canal do que estar na TVI. Na TVI há meios, recursos e gente, enquanto no Porto Canal há menos meios, menos recursos. Aqui é um desafio minuto a minuto.


 
O que faz para estar em forma, com corpo são e mente sã?
Todos os dias faço uma caminhada. Começo às 08h00 e vou até um café em Matosinhos, onde, habitualmente, leio os jornais – não gosto de os ler nos smartphones. Às vezes, vou e volto a pé para casa, outras vezes faço-o de bicicleta. Essa é a forma como começo o dia mas, depois, ao longo do dia, tenho outras práticas.
 
Quais?
Uma delas é não almoçar. Em Portugal tudo serve para dizer: ‘Vamos almoçar!’. Abandonei essa prática há anos.
 
Porquê?
Para mim, comer bem ao almoço significa uma tarde estragada ao nível de saúde – retira-me metade da energia para enfrentar o resto da tarde. Prefiro comer algo mais rápido e leve… Muitas vezes, aproveito a hora de almoço para fazer coisas de que gosto, como jogar golfe.
 
Que cuidados tem com a alimentação?
Como de tudo, não sou é uma pessoa de comer muito. Tanto como uma salada, como uma francesinha ou vou experimentar restaurantes vegan.
 
É um paciente informado ou fugidio de idas ao médico?
Sou um pouco dos dois. Vou ao médico todos os anos e vou sempre muito preocupado. Tento ao máximo não fazer muitos exames…
 
Tenta?
Os médicos, se quiserem, descobrem-nos não sei quantas mil doenças. Mandam-nos fazer exames e acabam por descobrir alguma coisa. Isso preocupa-me, fujo muito disso.
 
De que tem medo?
Há sempre o caso de alguém a quem foi descoberto um cancro e, passados dois meses, morreu. É o tipo de situação que virou notícia permanente e, como toda a gente, tenho receio disso. Evito ao máximo fazer muitos exames. Quando tenho alguma coisa a incomodar-me vou logo à farmácia. É lá que quase sempre encontro a ajuda de que preciso. E também o recomendo à minha mulher e aos meus filhos. Só quando são coisas mais gra​ves é que vamos ao hospital.
 
Tem 55 anos. Sente-se com esta idade?
Acho que as pessoas olham para mim e não me dão 55 anos, tal como também não me dão 45. Lembro-me de olhar para o meu pai com esta idade e vê-lo como uma pessoa idosa, mas eu não me sinto assim. Não sinto o peso da idade no meu dia-a-dia. Continuo a fazer milhares de quilómetros de carro, como quando estava na TVI.

Tem o apelido de ‘o bolinhas’, por ser uma pessoa que nunca diz “não” a nada nem a ninguém.  É um optimista nato?
Sou, sim. Completamente. Sou optimista e bem-disposto. Tento resolver tudo, até as situações mais dramáticas. Acho sempre que há solução para tudo.
 
Pensa fazer televisão até ficar cheio de cabelos brancos?
Não. O que eu gostava mesmo era, daqui a uns anos, poder viajar e escrever livros. Isso seria o ideal, mas esse é o ideal de muita gente [risos].

 

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