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5 julho 2018
Texto de Sónia Balasteiro Texto de Sónia Balasteiro Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

Sarcófago regressa ao Museu da Farmácia

​​​​Peça egípcia está pronta para contar a sua história.

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​O sarcófago de Irtierut, uma das mais admiradas peças da colecção do Museu da Farmácia, em Lisboa, foi restaurado e voltou ao seu lugar.

Durante os trabalhos de conservação, foram descobertas no interior da peça, datada da Época Baixa, de 664 a 332 a.C., fibras e algumas contas, que pertenceriam ao colar colocado na múmia de Irtierut e que estão reproduzidas em pormenor no desenho da peça exterior. 

O sarcófago em madeira estucada foi alvo de limpeza superficial por via mecânica e do preenchimento de pequenas falhas na pintura do gesso.

As fibras agora descobertas permitirão determinar a técnica e os materiais utilizados na mumificação de Irtierut, ajudando os investigadores a confirmar a datação da peça, através dos pigmentos e aglutinantes utilizados, explicou Daniel Vega, do Centro de Conservação e Restauro da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Lisboa. 



O sarcófago de Irtierut foi adquirido em 1940 pelo coleccionador Josef Nestor, passando a integrar a The Plaisant Josef Nestor Collection, nos Estados Unidos da América. Chegou ao Museu da Farmácia, em Lisboa, a 8 de Março de 2002. «Esta é uma das peças mais marcantes da nossa colecção», descreve a curadora do museu, Paula Basso, «e uma das mais admiradas pelo público», acrescenta.

O director do Museu da Farmácia, João Neto, explica a importância da peça na colecção pelo valor que os egípcios davam à vida após a morte. O objectivo da mumificação e dos sarcófagos era «assegurar a saúde das pessoas numa outra dimensão mais espiritual, no paraíso. O sarcófago tinha como objectivo assegurar que o corpo se mantinha são».

A peça está decorada ao pormenor, reproduzindo a aparência da jovem aristocrata Irtierut, sob o cânone de beleza egípcio. As sobrancelhas e os olhos estão bem delineados e são expressivos, num rosto suave e arredondado, envolvido por uma espessa cabeleira tripartida, da qual sobressaem as orelhas. Em torno do pescoço de Irtierut está delineado um colar floral com várias voltas. Na peça, está também representada a deusa Nut, segurando duas penas. Irtierut vê-se ao centro num leito, iluminada pelos raios solares, na companhia do seu ba (conceito metafísico egípcio de alma-coração, que torna o indivíduo único), com quatro vasos de vísceras sob o leito. Segue-se o símbolo de Abido ladeado por Ísis e Néftis e cinco colunas de texto na vertical.

Agora já pode admirar novamente o sarcófago de Irtierut no Museu da Farmácia, em Lisboa.


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