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5 junho 2025
Texto de Marta José Santos | WL Partners Texto de Marta José Santos | WL Partners Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

«Quero chegar a velho o mais novo possível»

​Há quem procure fórmulas, listas de hábitos ou planos milagrosos. Nuno Eiró prefere a simplicidade, assumindo o desafio da consistência com bom humor.​

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É mais difícil manter a alimentação saudável ou a disciplina nos treinos?
A disciplina nos treinos, sem dúvida. Por isso é que tenho um personal trainer. Se não tiver um compromisso marcado, arranjo sempre desculpas para não ir. Aquilo que faço com o PT é treino funcional com carga. Depois, sozinho, faço cardio, normalmente uma corrida de meia hora antes ou depois do treino. Ou então uma corrida maior, mesmo em dias diferentes. Faço esse bidiário com duas vertentes diferentes, duas a três vezes por semana. Não mais do que isso. A minha religião não me permite treinar mais! [risos]
 
Sente alguma mudança mais acentuada ao chegar aos 50?
É claro que sim. São ciclos, muitas vezes hormonais. A parte hormonal é crucial, é como um relógio. Se uma hormona começa a falhar, afeta todas as outras. E muitas vezes ignoramos os sintomas. A tiroide, por exemplo, é algo de que pouco se falava. Quando comecei a ter problemas, parecia que tinha as quatro estações no mesmo dia ― feliz, irritado, triste, e sem razão. Dormia mal, não conseguia emagrecer mesmo a treinar… Só depois percebi que esses sintomas eram provocados por problemas na tiroide. É assustador perceber que muitas pessoas vivem com sintomas assim sem saberem o que têm.

Costuma fazer check-ups?
Sim, faço check-ups regularmente. Também tomo suplementação e tenho consultas de seis em seis meses com a minha médica de anti-aging. Faço análises completas, reposição hormonal... já tenho 50 anos, preciso de cuidar-me. Ao contrário de muitos homens, não fujo dos exames médicos. Se há dúvidas, vou fazer exames para perceber o que se passa. Prefiro isso a ficar com peso na consciência por ter ignorado algo.

Considera que os homens continuam a ter mais resistência a procurar ajuda médica?
Sem dúvida! Entrevistando tantos especialistas ao longo dos anos, percebi que levar os homens ao médico é um desafio. Não se queixam, não falam, para não se sentirem menos homens. Muitas vezes vão porque são ”arrastados” pelas mulheres. Por isso é que eu falo nestas coisas ― é importante normalizar. O corpo muda, é natural. Mais vale aceitar isso e fazer o que estiver ao nosso alcance.

Como consegue gerir a saúde com uma agenda preenchida?
Não é nada difícil! Tenho uma agenda muito particular. Como trabalho sobretudo de manhã e os projetos que tenho em televisão, neste momento, não são diários ― alguns são gravados, outros diretos ― dá perfeitamente para gerir. Quando as gravações calham à hora dos treinos, o que acontece muitas vezes, aviso o PT com ante- cedência e mudamos o horário ou o dia. Antes dizia: «Que chatice, não vou poder treinar.» Agora já não. Faço tudo o que posso para manter o compromisso.


O apresentador encontrou o equilíbrio numa regra de ouro que muitos esquecem: o bom senso

Tem algum conselho para quem quer começar a treinar ou a cuidar mais de si próprio? 
Não ponham metas demasiado exigentes. As metas são importantes para motivar, é claro, mas não pode ser uma coisa punitiva. A partir do momento em que isso acontece, perde a graça toda. A ideia é conseguir manter esse estilo de vida o máximo de tempo possível ou, idealmente, torná-lo parte da nossa vida ― com espaço para os disparates, para sair à noite, beber uns copos, comer um doce se nos apetecer.

Qual é o papel das farmácias na sua vida? 
Confesso que adoro farmácias! Não é tanto por ter de ir aviar uma receita, embora vá muitas vezes por isso, mas gosto mesmo da outra par- te ― a que não tem a ver com os medicamentos. Acabo sempre por espreitar um creme novo ou um protetor solar que nunca experimentei. Gosto das farmácias e, especialmente, das de outros países.

As farmácias são uma paragem turística para si? 
Sim, principalmente no Brasil. Lá as farmácias são enormes e têm muitos produtos diferentes. Para mim, visitar uma farmácia ou um supermercado noutro país é uma forma de conhecer os hábitos das pessoas que lá vivem. Dá mesmo para perceber um pouco da cultura local.

Nas viagens consegue manter o treino e a disciplina?
Não, de todo! Senão, não seriam férias, seriam castigo, não é? Mas por acaso agora, pela primeira vez, levei equipamento de corrida para uma viagem ― foi aos Açores. Estava num hotel ótimo e, em quatro dias, corri em dois. Fiquei mesmo orgulhoso. O meu próprio PT perguntou se eu estava doente! Mas, nas viagens, parte do prazer é mesmo experimentar a gastronomia do lugar. Eu acho que tudo deve ser feito com conta, peso e medida. O equilíbrio é tudo, como dizem os brasileiros.


Nuno Eiró aborda um tema cada vez mais premente: a necessidade de cuidarmos de nós  próprios sem nos deixarmos consumir por um ideal de imagem inatingível

Tem objetivos específicos relacionados com a saúde?
O meu grande objetivo é chegar a velho o mais novo possível. Isso implica exercício, boa alimentação, descanso… Eu não adoro treinar, mas percebo que é bom para mim, e por isso faço-o. Porque sei que um dia posso olhar para trás e dizer: fiz tudo o que podia. O mesmo com a saúde: quero ter frescura para acordar de manhã, seja para trabalhar, viajar ou regar as plantas, que é algo que também adoro.

E quanto à carreira?
Estou muito mais focado em mim como um todo, onde a carreira se insere, sim, mas não é o centro. Isso era aos 25 anos. Já fiz quase todos os formatos. O que mais gostei foi “Esta Manhã”. Agora, vejo projeto a projeto: se gosto, faço. Se não gosto, digo que não. Já não há aquela ânsia de quero fazer isto ou aquilo e, para ser honesto, não há nada na televisão portuguesa que me entusiasme muito neste momento. Importa-me mais aproveitar o que tenho em mãos, fazer bem e divertir-me. Quando estamos sempre a olhar para o futuro, esquecemo-nos de fazer bem o presente.

Considera que essa forma de estar é reflexo da idade?
Sim, sem dúvida! É claro que há dias maus. Há alturas em que não estamos bem, felizes, amados, realizados. Mas, no geral, sinto que esta aprendizagem interior, assim como a terapia, que é essencial para toda a gente, me proporciona um dia a dia melhor.