Uma prancha que os pais lhe trouxeram do Brasil, quando tinha 14 anos, estimulou o gosto pelo surf. Hoje, aos 36 anos, “apanhar ondas” continua a ser uma paixão, apesar da preenchida agenda de Alexandre Frutuoso não permitir idas mais frequentes até à praia do Osso da Baleia, num dos extremos do concelho de Pombal.
O nosso dia começa lá, em pleno areal da Costa de Prata. As nuvens carregadas e o vento forte ameaçam chuva, mas isso não demove quem anseia por entrar no mar, sentir o seu poder e energia.
A praia possui um extenso areal e fora da época balnear é frequentada essencialmente por pescadores desportivos e adeptos de desportos radicais. Nos dias mais quentes, enche-se de veraneantes que procuram desfrutar do seu estatuto de Praia Dourada com Bandeira Azul. Localizada em plena Mata Nacional do Urso, a Osso da Baleia também conquistou o galardão de Praia Acessível devido às infra-estruturas existentes para pessoas com mobilidade reduzida, incluindo cadeiras especiais para banhos de mar.
Conciliar a prática do desporto e o contacto com a natureza está patente em todo o concelho, a começar na praia – onde há uma ciclovia até à Nazaré. Foi lá, na Praia da Consolação, que Alexandre Frutuoso cresceu e aprendeu que o mar fazia parte da sua vida. “Não consigo estar muito tempo longe da prancha, sinto-me incompleto”. O gosto pela prática desportiva levou-o a ponderar a possibilidade de tirar um curso superior nessa área, mas acabou por enveredar pela Enfermagem.
Actualmente admite que manter-se activo o ajuda a enfrentar os desafios da Enfermagem Pré-hospitalar(é especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica da ambulância de Suporte Intermédio de Vida, em Avelar): “O surf e a emergência têm aspectos em comum. Em ambos os casos temos que avaliar as condições de segurança, ser proactivos e prevenir o risco. Depois, há que ter persistência e resiliência”.
Os locais em que trabalhou foram sempre junto da costa, “por causa do surf”.
Um mouro lendário
Pombal é um concelho com 60 mil habitantes, sendo que 15 mil estão concentrados na cidade fundada no séc. XII pelo templário Gualdim Pais.
Chegados à vila de Pombal, é incontornável começar a visita pelo “castelo altaneiro”. Quem estiver em boa forma física pode fazer o percurso a pé, mas existe acesso rodoviário até ao parque de estacionamento. Dentro das muralhas é possível visitar o posto de informações e visionar dois filmes: um em 3D, dedicado à história do castelo e da cidade, e outro em animação, contando a lenda de Al-Pal-Omar, o mouro que, ao luar, seduzia as raparigas bonitas e prendadas de Pombal. Reza a história que, em retaliação, os templários fecharam Al-Pal-Omar no túnel que dava acesso ao palácio e por cima construíram o castelo.
Surpresas citadinas
Descendo a encosta do castelo, espera-nos uma visita ao centro histórico. Começamos pela Praça Marquês de Pombal, com a Igreja Matriz de São Martinho, que se ergue no topo da praça. Foi aqui que, em 1323, D. Dinis e o filho D. Afonso formalizaram o pacto de paz, sob a égide da Rainha Santa Isabel.
À saída da igreja tem duas hipóteses: entra no edifício à esquerda – antiga prisão que hoje aloja o Museu Municipal Marquês de Pombal – ou opta pela direita, onde encontra um antigo celeiro que alberga o Museu de Arte Popular Portuguesa.
Seguindo pelas ruas Miguel Bombarda e do Cais rapidamente chegamos ao Largo do Cardal. É aqui que se situam os Paços do Concelho, contíguos à Igreja do Cardal, edifício barroco do séc. XVII.
À noite a cidade transforma-se com alguns espectáculos. O Café Concerto e o Teatro-Cine de Pombal apresentam com alguma regularidade performances das mais variadas artes.
Explorar os tesouros serranos
No extremo Este da cidade o terreno começa a elevar-se, conduzindo à Serra de Sicó. É aqui que Alexandre Frutuoso gosta de participar em trails, uma actividade que o conquistou recentemente.