Sesimbra é Peixe é a consagração em forma de slogan desta região «abençoada com o melhor que a Natureza nos deu», afirma Rui Novo da Silva. Nasceu em Mação e viveu muitos anos em Angola. Já viu muito mundo, mas não se imagina a viver em mais lado nenhum. É um apaixonado pela vila e pela região: «Temos as maravilhosas praias do Meco, o Cabo Espichel, a linha de costa mais bonita do país, um mar com as cores do caribe e excelentes restaurantes e tascas para comer o melhor peixe do mundo». Se isto não chega, o farmacêutico destaca ainda as origens milenares, vestígios de dinossauros, marcas da presença do Império Romano e influências árabes.
Aqui encontra-se tudo o que de melhor pode haver no mundo em terra e debaixo de água. A Natureza foi generosa com a região. Uma costa recortada criou praias secretas e recantos, muitos dos quais só acessíveis por mar. Terra de pescadores, Sesimbra exibe uma arquitectura simples feita de e para as gentes do mar. E são as gentes do mar que moldam a península.
O nosso passeio começa pelo local de eleição do farmacêutico: o Cabo Espichel onde, reza a lenda, surgiu a figura de da Nossa Senhora do Cabo, e onde se construiu a ermida da Memória, pequena estrutura medieval de planta quadrada e paredes baixas com uma cúpula que nos transporta para influência árabes.
Em 1701, o rei D. Pedro II mandou construir um santuário que inclui a igreja da Nossa Senhora do Cabo, ladeada por hospedarias (depois de 1715) para receber os fiéis que ali podiam pernoitar. Em 1707, a imagem da Nossa Senhora do Cabo foi transferida para o interior da igreja, que hoje conta com uma réplica, estando a original guardada.
No caminho para o Cabo Espichel não se surpreenda se se cruzar com rebanhos de ovelhas que pastam livremente. Logo ali ao lado fica a freguesia da Azóia, conhecida pelo seu queijo e pão, que não ajuda quem queira emagrecer mas a que é difícil resistir.
Em dias de sol este é um daqueles passeios que nos pacifica com o mundo. Não admira que conte com tantos visitantes, nacionais e estrangeiros. Dona Delfina, sesimbrense nascida e criada, é uma das senhoras que abre as portas da igreja às 9h30 e as fecha às 17h30. Conta que passam por ali muitos estrangeiros. Ao fim-de-semana «é uma loucura de pessoas». Com missa às quatro da tarde, ao domingo dificilmente conseguem fechar as portas à hora prevista. E nos dias da procissão anual, em que a verdadeira imagem percorre as freguesias do concelho, «não há descanso».