Analice Silva chegou à Europa há mais de 30 anos. Na bagagem tinha apenas dois fatos de corrida, o passaporte e 100 dólares. Nada mais. «Vim para correr, em Espanha, e voltar para o Brasil. Mas estou a correr até hoje», diz, a rir de si mesma e das suas circunstâncias.
Escolheu Portugal pela proximidade dos idiomas. Queria continuar a correr pela Europa, pelo Mundo, e sabia que «no Brasil não ia a lado nenhum». «Por isso, vim para cá. Mas não vim com a intenção de ficar. Vim com a ideia de, quando parasse de correr, voltaria para o Brasil. Mas agora não volto mais», admite e acrescenta: «Minha família, agora, são os portugueses».
Chegou a Lisboa sem conhecer nada, nem ninguém e, mesmo sendo, uma «aventureira por natureza», garante: «O que me safou foi o desporto. Fui procurar a corrida e fiz logo amizades».
«Não disse nada a ninguém, porque se soubessem não me deixaram vir. Quando descobriram eu já cá estava», lembra Analice.
Hoje, é uma estrela no mundo do atletismo. Todos conhecem a veterana que, mesmo com 73 anos, continua imparável nos trilhos mais desafiantes e nas provas mais exigentes.