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31 agosto 2018
Texto de Maria João Veloso Texto de Maria João Veloso Fotografia de Anabela Trindade Fotografia de Anabela Trindade

O primeiro dia

​​​Margarida vai para a escola este ano.

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​«Proximidade, afecto, segurança» são as palavras-chave usadas por Patrícia Bandeira, coordenadora do Jardim Infantil da Cooperativa de Educação A Torre. A fórmula aplica-se ao primeiro ano pré-escolar, em qualquer contexto: berçário, creche ou jardim de infância. Ana Gonçalves agradece porque, apesar de ter decidido que a Margarida só entra em Outubro, já está muito ansiosa. «Estou a sofrer por antecipação, ela vai estar com 16 meses mas parece-me tão frágil e pequenina».

A educadora defende que desde a primeira hora se deve dar segurança aos pais e ter sempre as portas abertas para recebê-los.

«O educador é um amigo e o respeito deve ser mútuo», explica.

Ana Gonçalves e Daniel Conde de Pinho apostam na entrada gradual. No primeiro dia a mãe acompanha a bebé, que ficará apenas meia hora a conhecer o espaço. No segundo dia, a custo, a mãe lá a deixará meia hora.

Patrícia Bandeira lembra que neste processo há o momento em que a mãe vai tomar o cafezinho. «É importante que saia da sala, direita, de cabeça erguida, por mais que lhe custe. Mas que reforce "agora a mãe vai trabalhar, mas vem cá buscar-te depois do lanche"».

E esta simples frase deixará a criança segura e tranquila.

A primeira semana da Margarida na escola será a meio gás e na segunda tudo dependerá do seu humor. «Se ela chorar muito, vai só de manhã, se estiver integrada, ficará o dia inteiro», explica Ana que reconhece que o lhe vale «é o Daniel levar esta fase na desportiva».


Ana receia a adaptação de Margarida na creche

Patrícia Bandeira recomenda que, no momento de integração da criança, «os pais estejam ao lado dos educadores. Não concebo não ter uma relação próxima com os pais. Os progenitores devem ver-nos a lidar com os filhos, a dar até um pequeno ralhete, se necessário. Nesta fase em que a componente verbal ainda não está desenvolvida, deverá reforçar-se a parte não verbal e isso faz-se através dos afectos.» Patrícia fala de estratégias simples como dar a conhecer aos pais aquilo que se faz em contexto de sala: os jogos de chão, os livros que se lêem. «É também importante as mães saberem os nomes dos novos amiguinhos, assim como cantarem em casa as canções que se cantam na escola. «A criança vai começar a reconhecer a escola como o terreno dela e a casa como o terreno dos pais.»

Ana recorda que, quando o filho Daniel entrou na creche, refugiou-se na fábrica dos pais, mas passava o tempo a olhar para o relógio e a contar os minutos para o ir buscar.

Educadora há 32 anos, Patrícia salienta também que «a criança deve sentir-se segura na sala e importante para a organização da escola». Nas primeiras semanas de separação «é fundamental que a criança leve consigo um boneco de casa e uma fraldinha com o cheiro do ninho». As escolas nunca deverão ser lugares onde se depositam os filhos, «mas espaços abertos ao diálogo onde, na despedida, o abracinho ao bebé quase que abraça o pai».
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