Quando atingirem uma idade mais avançada, as gerações hoje mais jovens terão de fazer face a riscos acrescidos de desigualdade em relação aos reformados actuais. Não se trata de sensacionalismo. A informação consta de um relatório da OCDE publicado no final de 2017, intitulado “
Preventing Ageing Unequally”.
A idade será vivida de uma maneira radicalmente diferente pelas gerações nascidas a partir de 1960. O aumento da esperança de vida, a diminuição do número de elementos do agregado familiar, o aumento das desigualdades ao longo da vida activa e das reformas levarão à diminuição do valor das pensões, e alguns grupos serão confrontados com um risco elevado de pobreza durante a velhice. Nada disto é verdadeiramente novo, consta de inúmeras previsões, elaboradas por instituições sérias.
Aqueles com menor poder de compra tratam-se muitas vezes mal, tal como acontece com os que não dispõem de literacia em saúde e os que falham na adesão à terapêutica.
Num quadro demográfico onde estamos cada vez mais velhos, temos mais doenças crónicas e estamos sujeitos a diferentes morbilidades, crescem os programas em que os farmacêuticos acompanham doentes crónicos, seja em caso de introdução de novas terapêuticas, seja num quadro de doença, de que é exemplo a asma. Referencio o Reino Unido, a Irlanda, a Noruega, a Dinamarca, a Espanha, a Bélgica e a França como apenas alguns dos países onde decorrem experiências neste âmbito, e sublinho que se espera desta intervenção, promotora do uso correcto e esclarecido dos medicamentos, que possa também diminuir o volume do desperdício e dos gastos em saúde.
Este novo quadro de cuidados farmacêuticos implica igualmente uma coordenação com diferentes serviços e profissionais de saúde, onde se destacam o médico de família ou especialista, assim como uma partilha de registos de saúde, os quais podem a qualquer momento ser analisados por qualquer uma das partes competentes e interessadas, sempre com a garantia absoluta da protecção dos dados.
Vários estudos independentes evidenciam que a relação entre uma melhor gestão da doença crónica, uma maior literacia do doente e uma adequada adesão terapêutica reduz as admissões hospitalares, os entupimentos das urgências e o agravamento das doenças. Estou, por isso, absolutamente convicto de que estamos a perder muito em não ingressar rapidamente neste mundo de transformações.