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2 julho 2021
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de André Oleirinha Vídeo de André Oleirinha

O esplendor islâmico de Silves

​Sente-se no ar a cultura islâmica que marcou o apogeu da cidade durante cinco séculos.​

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Quem visita Silves encontra um território com cerca de seis mil anos de história. O Museu de Arqueologia guarda vestígios dos primeiros assentamentos humanos, com enfoque no Paleolítico, na Idade do Ferro e no período romano. Mas, no museu, como na cidade, os principais tesouros respeitam à época islâmica. «Temos uma colecção importante de objectos arqueológicos que, a par de Mértola, é a mais representativa em Portugal», confirma Maria José Gonçalves, directora do museu.  

Os muçulmanos dominaram a região durante cinco séculos, desde o século VIII até à conquista cristã, por volta de 1248. Em Silves, foram atraídos pela posição da cidade, a fertilidade dos solos e a proximidade do mar, a apenas 11 quilómetros, acessível através do rio Arade. Durante metade de um milénio, a cidade viveu a sua época áurea. «Silves tinha algum prestígio no contexto do Gharb al-Andaluz [região ocidental da Península Ibérica]», nota a arqueóloga, que é também responsável pela área do património no município. Silves manteve contactos com várias cidades do Mediterrâneo e por dois períodos foi um reino independente. O primeiro momento foi no século XI, na sequência da queda do Califado de Córdoba, pela mão do célebre Al’Mutamid, filho do governador de Sevilha. O segundo deu-se no século XII, após um período em que a cidade foi aglutinada pelo reino de Sevilha, tendo como governador Ibn Qasi, outro nome relevante do al-Andaluz.  

A partir da segunda metade do século XIII, a cidade passa definitivamente para o domínio cristão e entra numa fase de algum declínio. São duas as causas principais: o assoreamento do rio, que levou à progressiva perda de importância estratégica face à vila de Portimão, e o êxodo de parte da população, que recusou ser dominada pelos cristãos. Os que permaneceram formaram uma mouraria na zona baixa da cidade.  

Quase oito séculos depois, os sinais do período islâmico continuam presentes em toda a cidade. No património arquitectónico, dois exemplos relevantes são o castelo, que foi a antiga alcáçova, e a cisterna muçulmana do período almóada, que se encontra no interior do Museu Municipal de Arqueologia. A herança é celebrada todos os anos na Feira Medieval de Silves e persiste no quotidiano, nas muitas palavras de origem árabe, na dieta mediterrânica, nas casas com pátios viradas para dentro, no ocre de muitas paredes ou na água que jorra das fontes. Silves recorda, em muitos momentos, a vivência quente do Magrebe.

 

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