Política de utilização de Cookies em Revista Saúda Este website utiliza cookies que asseguram funcionalidades para uma melhor navegação.
Ao continuar a navegar, está a concordar com a utilização de cookies e com os novos termos e condições de privacidade.
Aceitar
29 julho 2021
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de André Torrinha Vídeo de André Torrinha

O efeito benéfico das terapias

​​​​Sónia tem uma vida bastante normal graças às várias terapias de apoio ao desenvolvimento.​

Tags
​Com a touca rosa na cabeça, Sónia Correia entra na piscina acompanhada por Ana Isabel Ferreira. A menina chapinha, lança água à terapeuta, brinca com o patinho e o peixe de plástico.  Ri-se, feliz. Não tem medo nenhum da água e é clara a intimidade com a terapeuta, conhecem-se desde que Sónia tinha um ano. O pior é na hora de sair. Como qualquer criança, Sónia adia o mais que pode o momento do fim da brincadeira, enquanto a mãe, Suyane Felipe, a apressa, porque está prestes a começar a próxima terapia, da fala.   

Sónia sofre de síndrome de Cornelia de Lange, uma alteração genética com repercussões a nível cognitivo e motor. A doença foi descoberta nos primeiros dias de vida, o que permitiu iniciar muito cedo um conjunto de terapias que a ajudaram a alcançar um bom nível de autonomia e bem-estar. Aos três meses começou a fazer terapia ocupacional, para estimular o desenvolvimento, no balanço dos oito anos de vida foram várias as actividades que experimentou: a fisioterapia, terapia aquática, ballet e yoga contribuíram para diminuir a rigidez muscular, melhorar a fluidez e coordenação de movimentos. Com a terapia da fala, Sónia aprendeu a mastigar e engolir, hoje contribui para o desenvolvimento da fala, assim como a terapia musical. As aulas de psicologia educacional ajudam-na no relacionamento interpessoal. 

Nos primeiros anos, a intervenção terapêutica incidiu sobretudo nos marcos do desenvolvimento motor, «os mais prevalentes nos primeiros anos de vida», explica a terapeuta ocupacional. A partir dos dois a três anos, as terapias foram sendo ajustadas às necessidades. Nas sessões de terapia ocupacional, as actividades lúdicas, «o brincar e a interacção» eram usadas para promover o desenvolvimento. Sónia alcançou uma boa autonomia motora, é uma menina «que anda, corre, desloca-se bem e tem boa motricidade fina», confirma Ana Isabel Ferreira. As limitações manifestam-se sobretudo ao nível da linguagem verbal e do desenvolvimento cognitivo. Sónia, a mãe e a ama estão a aprender linguagem gestual, para criar mais um meio de a menina expressar o que sente ou precisa. Sónia sabe, por exemplo, fazer os gestos correspondentes a dói, dente, barriga ou cabeça, conseguindo indicar se tem alguma dor.  

Os apoios a que Sónia tem direito na escola resumem-se a oito horas semanais de ensino especial. «É claramente insuficiente, é preciso muito acompanhamento para alcançar melhorias», garante o pai, António Correia. Ao longo dos anos, a família tem complementado os apoios estatais com terapeutas privados, o que implica um grande esforço financeiro, sobretudo porque a mãe abandonou o trabalho como advogada para acompanhar Sónia e os outros dois filhos.  

Dificuldades à parte, o saldo é muito positivo. Ao longo dos anos, a Sónia «teve a sorte de encontrar profissionais brilhantes», diz a mãe. Hoje, a criança tem uma vida bastante normal, com uma autonomia que, no início, nem era possível sonhar. Muito se deve ao trabalho conjugado das várias terapias. «A evolução de uma criança é o somatório dos vários estímulos que lhe são proporcionados, por isso é tão importante o trabalho em equipa multidisciplinar e a intervenção com os pais», resume Ana Isabel Ferreira.

 

Notícias relacionadas