Encontramos José Carlos Pereira, parcialmente paralisado nos braços e nas pernas desde os 17 anos, no seu gabinete de gestão de sistemas de informação do Hospital Conde de Bertiandos, em Ponte de Lima. É difícil não reparar nas fotos expostas na parece: há uma em que celebra um aniversário com a sua mãe, Francelina, bem-disposta nos seus 82 anos, outra após um salto de para-quedas, rodeado de amigos, outra num carro de rally. Ele gosta de experimentar tudo.
José Carlos chegou ao emprego de manhã, conta, bem-disposto, após cumprir o ritual habitual, tomar banho e vestir-se – uma das tarefas essenciais para as quais necessita sempre de ajuda.
A partir daí, é com ele: «Passo para a cadeira e venho-me embora, trabalhar. Ao fim do dia regresso a casa, vou dar uma volta com o meu cão. Ao fim do dia, às vezes é o meu irmão que me ajuda, ou a minha mãe. Eu tenho o sistema, que me levanta…» Quando está bom tempo, aproveita para ir trabalhar na cadeira de rodas, porque gosta de «ver o dia nascer, a natureza». Caso não consigo, pede ajuda.E recebe-a, tanto da sua família como dos colegas de trabalho, que também são «uma família», diz ele. E exemplifica: «Claro que eu tenho algumas limitações em algumas áreas mas tenho sempre colegas meus que me compensam, tipo. Sou muito mimado».