Na Farmácia Vitória, Maria Helena Pinto encontrou sossego para as rendas e para o coração. E é lá que fica de segunda a sábado, de Janeiro a Dezembro. Sempre acompanhada do saco de plástico. «De manhã estou sempre a ver quando chega a hora de poder vir para cá. Fico até a farmácia fechar. Mas, atenção, fico porque quero!», conta a utente de 88 anos, enquanto enrola a linha branca à volta do dedo indicador.
Situada numa zona muito pobre de Campanhã, a farmácia faz o que pode para ajudar a população. «O nosso utente tem elevado grau de iliteracia, é reformado, velhote e com falta de tudo: desde carinho ao mais básico da vida», explica o director-técnico Rui Romero. Por isso, indicam sempre os medicamentos mais baratos e fazem vendas a crédito, que os utentes pagam quando recebem o salário ou a reforma.
Quando uma mulher do bairro teve um cancro oral, a farmácia assumiu os custos do tratamento. «Eu digo sempre: “Só se não puder é que eu não faço”», expõe Luís Soares, farmacêutico-adjunto. «A farmácia é a minha vida. Gosto mais de estar aqui do que em casa, porque têm mais paciência comigo do que a minha família», afirma Maria Helena Pinto.