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2 julho 2021
Texto de Maria Jorge Costa Texto de Maria Jorge Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de André Oleirinha Vídeo de André Oleirinha

O "Diário da Peste"

​​​​​Filmar as crónicas do escritor Gonçalo M. Tavares sem conhecer o texto e a reação de pessoas como Maria José Branco.​

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Começou a ler as crónicas diárias do escritor Gonçalo M. Tavares para o jornal Expresso no primeiro confinamento (de Março a Maio de 2020) e não resistiu a um impulso. «O texto do Gonçalo é maravilhoso. Um dia mandei-lhe uma mensagem, a dizer: “Devíamos pensar em fazer qualquer coisa com isto”, e o Gonçalo respondeu: “É teu, podes fazer o que quiseres”.   

Gosto muito de fotografia e gosto muito de realização. Nunca realizei por uma enorme cobardia e, de repente, pensei: “Olha, tenho uma oportunidade aqui de realizar pequeninos filmes, sem compromisso nenhum”. A ideia era ser apenas um vídeo que ofereceu ao escritor, mas a resposta de Gonçalo foi desafiá-la a manter o registo diário entre letras e imagem. Isabel filmava na rua com o telemóvel no dia em que Gonçalo escrevia, sem conhecer o texto.  

Um ano depois, percebe-se a importância daqueles momentos para a actriz, que estava em tournée no Brasil quando a pandemia travou o mundo. Trocar o ritmo de um ano intenso pelo silêncio da casa e das ruas «foi um tempo de observação ainda maior. Eu passava muito tempo fora de casa». O exercício diário mudou a perspectiva do tempo. O olhar sossegou: «OK, o sol nasce aqui... olha que giro, a esta hora a sombra está assim, que engraçado, olha a luz que entra..., porque começas a ter um tempo muito maior de estar ali, ganhas um tempo...».  

As reacções aos vídeos, que partilhava na sua página no Instagram, surpreenderam Isabel: «Ao fim de algum tempo, percebi que havia pessoas que escutavam religiosamente os Diários da Peste». Isabel guarda com particular carinho a mensagem de uma senhora que não conhece. Maria José Branco escreveu-lhe: «A minha filha é médica e eu tomo conta das minhas netas, e não imagina como me acompanha a sua voz ao final do dia... eu venho de propósito ouvir». Isabel ainda hoje se comove a relatar o episódio. «Esta senhora Maria José Branco não imagina como me alimentava a mim eu saber que estava a fazer e que ela o ia escutar».

 

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