REVISTA FARMÁCIA PORTUGUESA: Tinha uma vida profissional em Portugal, teve de mudar tudo inesperadamente.
JOSÉ INÁCIO FARIA: O povo português tem uma característica única no mundo: facilmente se adapta. Não sou excepção. Sou português e também me adaptei. A grande alteração foi a responsabilidade que me recaiu nos ombros. Ao longo destes quatro anos e meio como deputado europeu do Partido da Terra tenho feito tudo para não defraudar as expectativas dos eleitores portugueses.
Anda de um lado para o outro. Tem tempo livre? Consegue estar com a família?
Não. Não tenho tempo livre. E pouco ando com a família. E ando muito de um lado para o outro, infelizmente.
Então não lhe pergunto como é a gestão trabalho-casa-família...
É muito complicada. Não consigo estar parado e nunca digo que não. Quando tenho um dossiê em mãos, recebo todos os pedidos de um extremo ao outro da União. Políticos, stakeholders, indústria, toda a gente. Mas isso implica não ter tempo para mais nada. Não tenho fins-de-semana.
Se tivesse mais tempo livre, como gostaria de o ocupar?
Adoro correr, não corro há quatro anos. Corro aqui, ando de um lado para o outro. Gosto de jogar ténis, de estar com os amigos. Gosto de ler, gosto de estar com a família, gosto de tanta coisa...
Portanto, não faz nada há quatro anos.
Não é bem assim.
Qual foi o último livro que leu?
Já me esqueci, foi há tantos meses. Tenho uma paixão por livros e sou um colecionador compulsivo. Se encontro livros no chão, recolho-os. Cheguei a salvar livros, quando estive no exército. Desocuparam uma instalação e deitaram fora os livros para queimar. Fui recolhê-los, queimei-me para recolher livros, parecia aquele filme de ficção científica, "Fahrenheit 451". Olhe, gosto muito de ficção científica. Quando andava a estudar devorava a "Coleccção Argonauta".
Tem algum autor preferido?
Eu tenho muitos, mas ultimamente têm-me acontecido algumas coisas, no percurso político, e vêm-me à cabeça o Eça de Queiroz e o Camilo Castelo Branco.
É de Viana do Castelo. Sei que gosta da gastronomia da região.
Sim, mas não é só a gastronomia. Gosto de estar envolvido com as pessoas, os produtos, as situações locais, regionais do meu país, gosto muito.
E sabe cozinhar?
Sei. Faço um arroz como ninguém faz. Um arroz solto.