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31 agosto 2023
Texto de Irina Fernandes Texto de Irina Fernandes Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de Rodrigo Coutinho Vídeo de Rodrigo Coutinho

Moscatel de Setúbal: o que o torna um vinho especial?

​​​​O açúcar natural da uva atribuiu doçura ao icónico vinho licoroso.​

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Moscatel de Setúbal e Moscatel Roxo são símbolos incontornáveis da identidade cultural e vitivinícola de Setúbal e Palmela. 

«Os dois são produzidos da mesma maneira, mas são oriundos de castas diferentes e, apanhados em épocas diferentes», começa por descrever o enólogo Filipe Cardoso, administrador da Quinta do Piloto, em Palmela.

O processo de produção inicia-se com a apanha da uva, «quase toda à mão». «As uvas são, depois, encaminhadas para o tegão de receção [grande recipiente em forma de pirâmide invertida, destinado a uvas ou azeitonas]. Aí, encaminhamos para o esmagador desengaçador [que permite esmagar e desengaçar a uva], por onde sai o engaço, e esmagamos a uva. Depois, as uvas são encaminhadas para as ânforas e deixamos a fermentar um a dois dias. De seguida, adicionamos aguardente vínica, de modo a bloquear a fermentação e conservar os açucares naturais da uva. É por isso que é uma bebida doce», explica.

Inicia-se, então, o processo de maceração que tem duração «de cinco a seis meses». «Após separar-se o líquido, e também a película da uva, colocamos o líquido em barricas que, antes, serviram para envelhecer conhaques, whisky e armanhaques, porque o que está impregnado na madeira vai acabar por fundir-se como nosso Moscatel e dar-lhe mais complexidade. Passados cinco anos, no mínimo, é engarrafado». O estágio em barrica pode durar cinco, dez ou até vinte anos, «dependendo sempre do destino final do Moscatel».

Em Portugal, afiança Filipe Cardoso, o Moscatel de Setúbal 2016 «é um dos mais vendidos». «É um moscatel que envelheceu em barricas de conhaque e tem essa complexidade. No nariz aparecem ainda aquelas notas que a casta Moscatel de Setúbal transmite, a flor de laranjeira, mas já com algumas especiarias a sentirem-se, alguma marmelada e mel», descreve, acrescentando que «no final da boca sentimos as notas que sentimos no nariz», mas, ao mesmo tempo, «temos uma ligeira sensação de queima, dada pela barrica de ​conhaque e aguardente velha onde o Moscatel foi estagiado».

 


Dar a saborear a essência dos vinhos de Palmela é a promessa da Quinta do Piloto. Uma visita guiada à adega com prova de sete moscatéis de Setúbal, com possibilidade de alojamento, é apenas de uma das ofertas que a Quinta do Piloto disponibiliza.
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