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31 janeiro 2020
Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista) Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista) Ilustração de Lord Mantraste Ilustração de Lord Mantraste

Morte ou vida?

​​​​​​​Sexo sem suicídio.
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Comportamentos sexuais de risco pressupõem a ocorrência de actividade sexual com um ou mais parceiros com uma infecção sexualmente transmissível (IST). 

As doenças sexualmente transmissíveis constituem um grave problema de Saúde Pública. Em Portugal, estas doenças incluem sobretudo o herpes genital, a infecção por clamídia e o condiloma genital. Com menor frequência surgem a blenorragia, a tricomoníase, a hepatite B, a sífilis, o cancróide e o VIH/sida.

Qualquer dessas infecções é muito contagiosa e pode levar a sintomas desconfortáveis, esterilidade, em alguns casos a doença grave e, até, à morte. Tal como o nome sugere, são doenças transmitidas através do contacto sexual, incluindo a forma anal e oral. Mas algumas delas podem também ser transmitidas por via sanguínea, como acontece com o VIH/sida e com a hepatite B, contamináveis através de transfusões, injecções com seringas ou agulhas contaminadas, uso de instrumentos cirúrgicos não esterilizados ou por materiais infectados usados em acupunctura, piercings e tatuagens. 

O caso da candidíase é muito especial. Sendo a infecção genital mais frequente, tanto em mulheres como em homens, ela nem sempre é transmitida por via sexual. Deve-se a um fungo que reside na pele e nos intestinos, e que, a partir daí, se propaga para a região genital. É considerada oportunista, pois em condições de saúde não causa doença, mas quando as defesas do organismo estão diminuídas – por diabetes, doença crónica ou uso de antibióticos, corticóides ou contraceptivos orais – o fungo provoca infecção, particularmente nas zonas húmidas e quentes.

Um modo frequente de contaminação por IST são as viagens, através de contactos sexuais ocasionais e não protegidos. São particularmente sensíveis os destinos de “turismo sexual”, como a Tailândia, o Brasil, a Espanha, a Indonésia e a Colômbia. 

As medidas de prevenção das IST são iguais em Portugal ou em viajem. É muito importante o esclarecimento generalizado de que os comportamentos de risco devem ser evitados, nomeadamente pela prática de sexo seguro.

Para evitar a transmissão das IST, o método mais eficaz é o preservativo, desde que adequadamente utilizado. Contudo, o seu uso é recusado, ou esquecido, por muitos. Um estudo intitulado "Comportamentos sexuais de risco nos adolescentes", apresentado em 2018, no 10.º Congresso Internacional de Psicologia da Criança e Adolescente, revelou que cerca de 35 por cento dos jovens não utilizaram preservativo na última relação sexual. Cerca de 15 por cento já tiveram relações sexuais em contexto de consumo de álcool ou drogas. O uso do preservativo é sobretudo perturbado por factores socioculturais, sendo que a negociação do sexo protegido é frequentemente dificultada pela resistência de muitos homens, alegando perda de prazer e desconforto. O uso do preservativo feminino poderia ultrapassar esse óbice, mas é um método pouco divulgado e utilizado. E resta sempre a questão particular, perturbadora, que tem a ver com a associação do uso de preservativo ao medo e à desconfiança de infidelidade no casal.

Existem vacinas, mas apenas para a hepatite B e para o condiloma genital. O que já não é pouco. A hepatite B é a segunda doença mais frequente do viajante, sendo muito recomendável a vacinação para quem viaja.

A vacina contra o HPV, o papilomavírus humano, responsável pelo condiloma genital, garante uma protecção eficaz, devendo ser administrada na pré-adolescência. Existem dezenas de subtipos de HPV, sendo o 6 e o 11 os que estão correlacionados com o cancro do colo do útero, eventualmente também com cancro anal, vaginal e peniano. A vacinação do HPV faz parte do Programa Nacional de Vacinação (PNV) desde 2008, sendo obrigatoriamente administrada a raparigas entre os dez e os 18 anos. Em 2019 iniciou-se a vacinação nos rapazes. Fora do PNV é cada vez mais recomendada a vacinação a todas as mulheres, mesmo as que já foram infectadas, porque a vacina pode oferecer protecção a outras estirpes do vírus.

A prevenção é importantíssima, mas as infecções podem acontecer. Perante a suspeita de um contacto sexual de risco ou no caso de aparecimento na região genital de corrimento, úlcera, tumefação ou verruga, o homem ou a mulher devem de imediato procurar assistência médica. Os urologistas, ginecologistas e dermatologistas estão capacitados para estabelecer o diagnóstico, e eventual tratamento.​​​​​
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