Trabalhou 21 anos na RTP, onde fez reportagens em zonas de conflito. Para isso, foi necessário preencher dois requisitos fundamentais: «Querer. E crer! O jornalista que vai para uma zona de risco tem de crer em si e na sua equipa, e tem de querer, muito», explica Hernâni Carvalho.
«A principal desvantagem de ser jornalista português é não ter os meios que têm as grandes agências. A vantagem é ter a capacidade de improviso própria dos portugueses e a humanidade para lidar com os locais como poucas pessoas têm. E isso faz a diferença», garante o jornalista.
Desse tempo, guarda uma frase que ainda utiliza, quando «as coisas apertam e a situação fica difícil, que é: “Mas por que é que me meto nisto?!”», conta, a rir, sublinhando depois que o medo é inerente à «consciência do terreno que estamos a pisar, ao risco que estamos a correr». E, por isso, é algo com que ainda hoje em dia vive.
Também desses tempos guarda as saudades da adrenalina que sentia e da autonomia que viu desaparecer, aos poucos, do Jornalismo em Portugal.
«O Jornalismo precisa de História e de Memória. Tirar isso ao jovem jornalista é deixá-lo no mar. É uma forma inteligente de o condicionar, sem que ele se aperceba. Quando se apercebe, já está mais adulto, começa a fazer exigências e é, invariavelmente, dispensado», defende o jornalista.
«Hoje, há um paradigma totalmente diferente. As pessoas estão mais informadas, mas garantidamente menos esclarecidas. Lêem apenas os títulos, não lêem as notícias. E os livros… nem se fala. Paradoxalmente, saem 60 livros por dia em Portugal, mas já pouca gente os lê», lamenta o também escritor Hernâni Carvalho.
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