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30 junho 2023
Texto de Carina Machado | Nuno Esteves Texto de Carina Machado | Nuno Esteves Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

Mapas em forma de póster

​​​​​​​Os trabalhos submetidos pelos congressistas podem ajudar a Farmácia Comunitária a encontrar novos caminhos.
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Os trabalhos submetidos pelos congressistas podem ajudar a Farmácia Comunitária a encontrar novos caminhos.

Perto de uma centena de resumos de trabalhos foram submetidos à apreciação da Comissão Científica do 14.º Congresso das Farmácias, que selecionou 70, distribuídos pelas categorias Profissional, Investigação e Iniciação à Investigação. Os cinco melhores classificados em cada categoria foram convidados a realizar um pitch e os dois mais bem pontuados dos grupos, seis no total, passaram a comunicação oral. As dissertações tiveram lugar durante o congresso, naquela que foi a primeira sessão do género realizada na história do evento.


A sessão de comunicações orais foi a primeira realizada na história do Congresso das Farmácias

Tanto os vencedores das melhores comunicações orais como dos melhores pósteres científicos (ver caixa) foram anunciados na sessão de encerramento do congresso pelo presidente da Comissão Científica e Reitor da Universidade de Coimbra, Prof. Amílcar Falcão, que se regozijou com a «produção de conhecimento» expressa na «quantidade e qualidade dos trabalhos apresentados pelos colegas farmacêuticos».

Em jeito de balanço, Amílcar Falcão disse à RFP ter-se sentido honrado com o convite para presidir a esta comissão e confessou a forte marca impressiva deixada pela constatação de que «tantos colegas, por esse Portugal inteiro, se preocuparam sempre em pôr o foco nos doentes e na melhoria da Saúde Pública».

Para o também Reitor da Universidade de Coimbra, em cada um destes trabalhos - «muitos deles com um nível metodológico de análise da informação já bastante avançado», observou -, particularmente na categoria Profissional, foi demonstrada, através dos dados apurados, a utilidade das farmácias. Crê, por isso, que têm «um potencial muito útil de ajuda à profissão no encontro de caminhos e na argumentação necessária à sua sustentação».

Também nas categorias de Investigação e Iniciação à Investigação, os temas tratados, embora mais académicos, «são muito importantes para a produção de conhecimento e evolução da própria profissão», enfatizou. «Daqui a poucos anos estaremos a lidar com novas abordagens terapêuticas, a migrar para a prevenção em terapias avançadas e medicamentos não convencionais. Estamos a entrar num mundo diferente, onde a mudança de paradigma vai existir, e nós temos de estar preparados. Fico, por isso, muito agradado por ver trabalhos de investigação neste congresso que abordam algumas destas matérias. Mostra que há colegas atentos e a fazer caminho na Academia, que é também um pilar da própria profissão farmacêutica».


Assista às apresentações orais aqui.
Aceda ao acervo dos pósteres aqui.​

​«É IMPORTANTE RECUPERAR A TRADIÇÃO DOS ESTÁGIOS EM FARMÁCIA COMUNITÁRIA»


Prof. Amílcar Falcão, presidente da Comissão Científica e reitor da Universidade de Coimbra

A ANF está focada numa estratégia que permita estimular a atração e retenção de talento na Farmácia Comunitária. De um ponto de vista académico, o que é que poderá ser feito já?
Enquanto professor da Faculdade de Farmácia, julgo que houve um claro ganho de competitividade por parte de outras áreas no que respeita à captação de recém-formados. Antes tínhamos mais facilidade de integrar gente jovem e perceber o seu valor através dos estágios, mas essa ferramenta perdeu-se um bocado. A indústria farmacêutica, em comparação, está muito mais agressiva, tem mais mecanismos. Julgo que, aqui, se deveria recuperar o passado. Depois, há o aspeto da formação. Vale a pena aprofundar o diálogo entre as estruturas da profissão, nomeadamente a ANF, e as faculdades. O perfil dos futuros farmacêuticos é moldado nos primeiros três anos de formação, e deveríamos criar espaço nessa fase para uma interação mais íntima entre os estudantes e a Farmácia Comunitária. Finalmente, a questão da remuneração, que neste momento é algo limitativo não da captação, mas da retenção de talento nas farmácias. Este não é um problema exclusivo do setor. Infelizmente, o país assiste à aproximação, a passos largos, do salário mínimo ao salário médio. Para retermos talento nas farmácias que, teoricamente, deve gerar mais-valia, será importante haver algum cuidado nas carreiras. Há um conjunto de aspetos que devem ser trabalhados, e penso que a ANF está em excelentes condições para olhar esse assunto de frente.

Durante o congresso houve quem defendesse que uma maior integração das farmácias na rede de cuidados primários seria mais fácil se médicos e farmacêuticos pudessem contactar, em pequenos estágios à saída das faculdades, com a realidade de uns e de outros. Concorda com esta ideia?
Essa interação pessoal seria muito mais útil do que algumas discussões políticas estéreis. As novas gerações têm uma mentalidade muito mais aberta a esse tipo de diálogo, um facto que deve ser aproveitado para conseguirmos dar passos em frente na co- laboração entre as diferentes áreas profissionais. Há que perceber até onde podemos e devemos todos ir, e esse é um compromisso que só se consegue alcançar se tivermos a experiência de trabalho conjunto.