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5 setembro 2022
Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista) Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista)

Ir ao médico sem medos

​​​​​​​​A importância dos rastreios na saúde masculina.​

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A diferença entre rastreio e diagnóstico é que o rastreio permite a deteção precoce de uma doença antes dos sintomas se manifestarem, e o diagnóstico identifica uma doença a partir dos sinais e sintomas.

A esperança média de vida dos homens é, em Portugal, cerca de seis anos inferior à das mulheres. Existem causas genéticas e comportamentais para essa diferença, mas entre as últimas dominam a maior exposição ao risco e o menor cuidado com a própria saúde. Os homens fogem de ir ao médico. As causas têm raízes culturais, provavelmente relacionadas com a estúpida ideia masculina de que a doença e a ida ao médico são sinais de fraqueza. Contudo, a realização de rastreios desde a idade jovem pode significar uma velhice com melhor saúde. No homem idoso, os cuidados de prevenção traduzem-se em mais anos de vida com qualidade.

Nos homens, rastreia-se sobretudo o cancro da próstata, podendo, em casos particulares, pesquisar-se o cancro do testículo. Nos grandes fumadores, deve despistar-se também a possibilidade de cancro do pulmão ou da bexiga. Acima dos 50 anos, tal como na mulher, deve fazer-se o rastreio do cancro colorretal.

  • O cancro da próstata é o tumor maligno mais frequente nos homens. A grande maioria dos doentes tem idade superior a 60 anos, embora possa surgir abaixo dos 50 anos, sobretudo se existirem fatores genéticos familiares. Habitualmente, não causa qualquer sintoma ou queixa na fase inicial. A pesquisa no sangue do antigénio específico da próstata (PSA) é o principal teste usado no rastreio. Os homens saudáveis apresentam valores de PSA menores do que 4 ng/ml, havendo suspeita de tumor quando os valores são superiores. Contudo, valores normais não garantem a ausência de cancro, tal como valores altos não garantem a sua presença, pois vários fatores podem influenciar a produção de PSA, como o volume do órgão, a inflamação da próstata e a toma de certos medicamentos.
  • O cancro do testículo é um tumor bastante raro, representando apenas 1% dos cancros do homem. Surge mais frequentemente entre os 15 e os 35 anos de idade, e manifesta-se por um nódulo duro e indolor. Não estão preconizados exames de rastreio para o cancro do testículo, mas recomenda-se a autopalpação periódica.

Para além das doenças oncológicas, deve rastrear-se as infeções sexualmente transmissíveis, especialmente nos adolescentes e adultos jovens, população que tem maior risco de desenvolvimento de complicações clínicas graves. A infeção pode ser viral, bacteriana ou parasitária.  Entre as infeções virais, destacam-se o vírus da imunodeficiência adquirida (VIH/sida), o papilomavírus humano (HPV), o herpes genital, e as hepatites B e C. Nas infeções não virais, em Portugal domina a candidíase, a clamídia, a gonorreia, a sífilis e a tricomoníase. Grande parte das infeções sexualmente transmissíveis não causa sintomas significativos. Em geral, o rastreio das infeções sexualmente transmissíveis só se faz quando há sexo não protegido com parceiro ocasional. Realiza-se através de análise de urina, do exsudado uretral e, nos recetores de sexo anal, do exsudado retal. A pesquisa de anticorpos no sangue pode ser utilizada, mas o resultado só será positivo algumas semanas ou meses depois do contágio. Existem testes rápidos, à venda nas farmácias, que detetam em poucos minutos os anticorpos do vírus da imunodeficiência adquirida, da sífilis, e das hepatites B e C.

Não podem ser esquecidos os rastreios de doenças que não são específicas dos homens, como a hipertensão arterial, o colesterol elevado, a diabetes, a doença cardiovascular, a osteoporose, a demência e a depressão. 

É fundamental que os homens, independentemente da idade, cuidem da sua saúde. Devem ir a consultas médicas com regularidade e realizar exames de rotina.
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