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29 outubro 2021
Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista) Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista) Ilustração de Mantraste Ilustração de Mantraste

Quando o amor não é doce

​​​​​​Riscos da doença para a sexualidade masculina.​

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A diabetes mellitus é uma doença metabólica que se caracteriza pelo aumento anormal dos níveis de glicose no sangue, por deficiente produção ou acção da insulina, hormona produzida pelo pâncreas. A insulina regula os níveis da glicose no organismo. 

COMO SE MANIFESTA? 
A diabetes é uma doença muitas vezes silenciosa, que pode evoluir muito tempo sem sintomas. Com a evolução da doença, podem surgir manifestações como o aumento do volume urinário, da sede, ou do apetite. Outros sinais são o cansaço persistente, a diminuição da capacidade da visão, dificuldade em cicatrizar. 

QUAIS AS COMPLICAÇÕES GERAIS DA DOENÇA? 
O excesso de glicose no sangue determina alterações celulares que danificam pequenos vasos sanguíneos e os nervos periféricos. 

Quando atinge as artérias da retina, pode originar perda da visão e, até, cegueira. Se as artérias atingidas forem nos rins, pode lentamente provocar hipertensão e perda progressiva da função renal. A diminuição circulatória pode atingir também órgãos como o cérebro, o coração ou o intestino, com défice do aporte de oxigénio e nutrientes às células desses órgãos. Quando a diabetes atinge a circulação dos membros inferiores, pode originar inchaço dos pés, pernas frias e de cor arroxeada. 

A complicação mais tardia da doença é a neuropatia periférica, que determina alterações motoras e a sensibilidade de órgãos como a bexiga, os órgãos sexuais e os membros inferiores.

Neste último caso, é frequente o “pé diabético”, em que a diminuição da sensibilidade impe- de os doentes de se aperceberem de pequenas feridas. As feridas tendem a ulcerar e infectar, obrigando, em algumas situações, a amputação do pé ou da perna.

QUAIS AS COMPLICAÇÕES SEXUAIS? 
A disfunção eréctil é cinco vezes mais frequente no homem diabético do que no não diabético. A primeira alteração que a diabetes provoca a nível peniano, em geral cerca de 15 anos depois do início da doença, é a perda da elasticidade do tecido cavernoso peniano, o que vai dificultar o mecanismo de encerramento das peque- nas veias do pénis. O homem começa a notar dificuldade nas erecções, que se tornam cada vez mais fugazes e de menor duração. Cerca de cinco anos depois surgem as repercussões arteriais, com diminuição do calibre das artérias penianas. Como consequência, para além de pouco duradouras, as erecções passam também a ser incompletas, com dificuldade crescente em conseguir a penetração. Mais tardiamente, 25 a 30 anos após o início da doença, surgem as complicações neurológicas, com perda da sensibilidade peniana e disfunção eréctil completa.

COMO SE TRATA A DIABETES E AS SUAS COMPLICAÇÕES SEXUAIS? 
O tratamento começa por dieta adequada, exercício físico e perda de peso. Pode ser necessário recorrer a antidiabéticos orais (na diabetes tipo 2) ou ao uso de insulina (na diabetes tipo 1 ou na tipo 2 que não responde à medicação oral). Devido aos elevados riscos associados à doença cardiovascular, os diabéticos devem deixar de fumar, beber menos álcool, controlar a tensão arterial e o colesterol. 

A diabetes mal controlada e a falta de medidas saudáveis podem agravar e/ou antecipar a disfunção eréctil. O mesmo acontece se o diabético necessita de ser medicado com anti-hipertensores ou com antidepressivos. O impacto pessoal, conjugal e social da disfunção sexual é muito significativo: cerca de 20 por cento dos diabéticos com disfunção eréctil tem problemas psicológicos importantes. 

Para as consequências sexuais, as terapêuticas orais surgidas no final do século passado vieram trazer uma nova esperança a estes doentes. Os efeitos secundários são mínimos e raros, e a eficácia clínica é boa nos primeiros tempos das queixas. Com o agravamento das lesões vasculares e neurológicas, a eficácia medicamentosa vai diminuindo, restando como alter- nativas a auto-injecção peniana de um fármaco vasoactivo ou a cirurgia de implantação de uma prótese peniana.
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