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29 julho 2021
Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista) Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista) Ilustração de Mantraste Ilustração de Mantraste

Vamos falar de sexualidade

Esclarecer dúvidas, sem constrangimentos e de uma forma saudável.​​

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​Apesar da tão apregoada revolução sexual e das mudanças de comportamento registadas nos últimos anos, são poucas as pessoas que se sentem completamente à vontade para falar de sexo, de forma clara e completa.

Em geral, as manifestações da sexualidade também são recebidas com constrangimento, e os espaços para expressão e discussão séria são praticamente inexistentes. O silêncio e a desinformação continuam a assombrar a prática sexual, continuando a gerar angústia, medo e problemas sexuais.

As questões sexuais têm forte repercussão pessoal, conjugal, familiar e social. Os progressos feitos nos últimos anos no domínio do conhecimento dos comportamentos sexuais abrem novas perspectivas para as pessoas que têm dúvidas e que querem saber. Para esses, quero deixar uma mensagem muito clara: procurem ajuda. Cada vez há mais e melhores profissionais de saúde, médicos, psicólogos, enfermeiros, capazes de dar respostas. A velha postura de dúvida e angústia, fruto do desconhecimento, desconforto ou desinteresse, não tem cabimento nos dias de hoje.

Sexualidade não é o mesmo que sexo, embora quando se fala de sexualidade a maior parte das pessoas faça uma associação directa com sexo, como se fossem sinónimos. Sexualidade é um elemento básico e essencial da personalidade de um indivíduo. Em alguns casos, determina-lhe um modo particular de sentir, expressar. E viver um sentimento, também muito particular, que se chama amor.

Sendo a vida um constante desenvolvimento individual a nível físico, mental e emocional, as pessoas estão permanentemente expostas a estímulos que contribuem para esse processo. Primeiro no meio familiar, depois na escola, que desempenha o papel da educação formal e sistematizada, e finalmente em todas as relações sociais que se venham a estabelecer. Em última instância, todas as nossas vivências significam educação.

A sexualidade, tal como muitas outras coisas na vida, é produto da educação, de uma aprendizagem no dia-a-dia, construída através das vivências ou da elaboração dessas vivências. Mas educação sexual é mais do que informação sexual.

A informação sexual consiste na apresentação de aspectos técnicos da biologia da sexualidade, como a anatomia e a fisiologia dos órgãos genitais, os tipos e mecanismos de acção dos métodos contraceptivos, a transmissão e os sintomas das doenças sexualmente transmissíveis. Informação sexual é o que é dado nos bancos da escola.

A educação sexual deve ser um processo que tem por finalidade substituir a ignorância pelo conhecimento, o medo pela aceitação, a intolerância pela compreensão. Tem principalmente de facultar a formulação de condutas e valores individuais. É claro que também inclui informação sexual, mas não se restringe a ela. É informação sexual, mas contextualizada no indivíduo, levando em conta a sua personalidade, o seu passado, as suas emoções, os seus sentimentos. É uma iniciativa enriquecedora da vida individual, que assume que a sexualidade é uma qualidade existencial e um singular instrumento de comunicação interpessoal e de integração social.

A um jovem, durante o crescimento, vão constantemente surgindo questões relacionadas com a sua sexualidade. Geralmente, essas dúvidas ficam por esclarecer ou são respondidas por pessoas que sabem o mesmo ou ainda menos que o interessado. São os irmãos mais velhos, os colegas de escola, os amigos da rua. Porque, na verdade, se os jovens não aprendem na família nem na escola, só lhes resta aprenderem na rua. Dentro desses inputs informativos não controlados, há um que, pela sua importância real, tem de ser realçado. Trata-se do sexo, que é intensamente explorado pelos meios de comunicação, com o único objectivo de atingir topos de audiência ou de vender produtos. É informação usada de maneira inadequada, omitindo ou deturpando realidades.
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