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30 setembro 2021
Texto de Sónia Balasteiro Texto de Sónia Balasteiro Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de Hugo Costa Vídeo de Hugo Costa

«Foi a intuição a valer-me»

​​A radialista conta que superou o cancro da mama porque estava atenta.​

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​Descobriu no final do ano passado um tumor. Como foi?
No início de Dezembro de 2020 senti uma borbulhinha, uma ervilha na mama direita, e pensei: “Hummm, tenho ideia de que isto não estava aqui”. Sempre fiz anualmente ecografias e mamografias, dois exames que não podem existir isolados e devem ser feitos em sítios de  confiança. Foi o que acabei por não fazer, na pressa de ter um diagnóstico. Disseram para não me preocupar e voltar daí a seis meses. 


«A prevenção começa em casa, com apalpação da mama e das axilas», alerta a estrela da rádio

Mas não esperou.
Foi a intuição a valer-me. Ouvia, assim do nada, a palavra “repete”. E eu: “Repete? Mas  porquê? Não vou fazer outra mamografia, mais radiações...”. Tinha também sintomas físicos. À noite, quando me deitava, sentia um formigueiro naquele sítio e pensava: “Isto não é normal”. Os sinais que o corpo dá estão sempre lá. Felizmente, acabei por repetir, no sítio certo, e o diagnóstico foi: “Vamos ter de ver isto com mais cuidado e carinho”. Em Janeiro de 2021 começou toda uma saga.

Quanto tempo passou entre o “não é nada” e o “temos de ver”?
No momento em que estás a fazer um exame e perguntas ao médico como é que estes quistos aparecem, e ele te diz: “Isto não são quistos, são aconselháveis uma ressonância e uma biópsia”. Vai-se do zero aos 100 em três segundos, para resolver o mais depressa possível.

Como se sentiu?
Pensei: “Vamos e não vou demorar tempo”. Sou muito pragmática e, quando é para resolver, é para resolver. A partir do momento em que se tem um diagnóstico de tumor, só se quer saber quando se pode começar a tratar. Perguntei logo a que horas e onde me tinha de apresentar. É claro que fiquei sem respirar uns três segundos, chorei três lágrimas. Passado esse momento, passei à acção: “OK, agora vamos resolver”. 


«Temos de acreditar sempre, porque ninguém tem o destino traçado», recomenda Joana Cruz

Nunca duvidou de que ia correr bem?
Nunca. Felizmente, o processo foi precipitado pelo double-check dos exames. No início, o médico oncologista disse que tinha tudo para correr bem. Deu-me essa segurança. A partir do momento em que estamos com médicos a cuidar de nós, há aqueles 50 por cento a fazer da parte deles, e os outros 50 da nossa. Temos de acreditar sempre, porque ninguém tem o destino traçado e escrito. Não podemos achar que está entregue e não há a mínima hipótese. Desistir não é palavra no meu dicionário.

Tem 43 anos. Associamos o cancro da mama a determinadas idades.
Não há idades. Já não dá para dizer que é uma doença dos 40, dos 50, dos 20. É quando é, infelizmente. Depois estamos cá nós para tratar.

É importante o apoio dos mais próximos. Como tem sido?
Sem dúvida. Ter o pilar da família, que está lá a qualquer minuto, em todos os segundos, se for preciso alguma coisa. Tenho a sorte de ter a minha mãe, a minha irmã, a minha avó madrasta, minha avó emprestada. Vivemos todos ou no mesmo prédio ou no mesmo bairro, quase porta com porta. Depois, os amigos, que são a família que nós escolhemos. E pessoas desconhecidas que, não estando fisicamente, estão energeticamente, e isso também conta muito.

Passar por este processo mudou a sua forma de estar na vida?
Não sei explicar a questão de praticamente não ter tido sintomas aos tratamentos de quimioterapia. Já encarava a vida de uma forma leve, no sentido de não podermos perder tempo, porque nunca se sabe, isto muda de um dia para o outro. Algures, ter-me-ei distraído. Portanto a coisa foi posta de novo no trilho, só para dizer: “Vê se te alinhas e não voltas a distrair-te”. É esse o desafio.

Isto acontece numa altura de pandemia. Foi mais difícil?
Com a COVID-19, muito se falou da questão de rastreios que ficaram por fazer. A prevenção começa em casa, com apalpação da mama, das axilas. Isso podemos fazer na maior das seguranças. A pandemia até me deixou, a certa altura, mais segura. Sabia que não ia entrar no hospital gente que não devia lá estar. Por outro lado, mais apreensiva, porque vivia no receio constante de acumular dois “prémios de jogo” [risos]. Já bastava um. Fui com o maior dos cuidados e acreditando sempre que não ia apanhar COVID-19.


«Sou muito fã do meu cartãozinho Saúda», revela Joana Cruz

Tem uma farmácia próxima? De que forma a ajudou?
No início, fui fazer o kit de obstipação, diarreias eventuais, dores de cabeça, sono. Felizmente, acabou por não ser necessário. Mas sou muito fã do meu cartãozinho Saúda, em que a pessoa acumula pontos para descontar mais tarde ou na hora. A farmácia tem a luzinha e diz Farmácias Portuguesas? Vou entrar. Sou muito judia, gosto de acumular pontos.

Como foi a sua infância? Como era a menina Joana?
A menina Joana, nascida e criada em Lisboa, é alfacinha de gema. Foi uma infância completamente feliz. Tenho uma irmã dois anos e meio mais velha, a quem fazia a vida negra, é verdade [risos]. Eu era a safadinha da família, tinha por missão fazer rir as pessoas e gostava de teatrinhos e encenações.

 


Sempre quis comunicação? A paixão pelo teatro manteve-se?
Sempre. Lá está, fazer todas as encenaçõezinhas, os vídeos, essas coisas, gostava de tudo. Deixei o teatro para fazer personagens mais tarde, quando foi necessário.

Ainda estava a estudar quando começou a trabalhar.
Surgiu um anúncio no jornal para uma estação de rádio que não se sabia bem o que seria e acabou por ser a estação mais jovem da Renascença. A Mega FM [actual Mega Hits] abriu em 1998. Comecei a trabalhar ainda a estudar e, desde então, a rádio é a minha casa. 


Joana Cruz faz parte da equipa RFM há mais de 20 anos. «A rádio é a minha casa», diz

Como é a sua relação com a sua rádio?
Tenho a camisola interior da Mega FM, mas a RFM é a minha vida. Passamos lá muitas horas, não só no ar. Tenho o meu melhor amigo a trabalhar comigo, e outros grandes amigos também. Já são mais de 20 anos com a família RFM. Nunca me falhou e espero também nunca lhes falhar. Tem sido uma jornada mesmo incrível de ligação, entre nós e com os ouvintes. São a nossa vida. Não vemos as pessoas, mas acreditamos sempre que estão a ouvir-nos com o maior apreço e tentamos dar isso de volta o mais possível.

O que valoriza mais neste momento?
Me, myself and I”. Temos de nos valorizar a nós próprios. A partir daí, tudo acontece.
 
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