Os homens também podem ter cancro da mama hereditário. Não é comum: os carcinomas da mama masculinos representam um por cento de todos os carcinomas da mama em Portugal e, desses, só 15 a 20 por cento apresentam história familiar da doença.
Talvez pela raridade, o cancro da mama no homem é pouco conhecido. A vigilância masculina é negligenciada. O que, segundo Tamara Milagre, fundadora da associação Evita, é um erro. Tamara defende que «os homens são um capítulo muito importante na questão das mutações dos genes BRCA», não apenas pela probabilidade aumentada que têm de sofrer a doença mas também porque, enquanto portadores das mutações, são transmissores das mesmas aos filhos. «A probabilidade de passar a cópia ‘avariada’ do gene é de 50 por cento».
Os BRCA-1 e 2 são genes que, em condições normais, têm uma função reparadora das moléculas do ADN. O seu papel é impedir o aparecimento de tumores. Mas, quando sofrem uma mutação, os BRCA-1 e 2 perdem a capacidade protectora, elevando o risco de cancro nos portadores. Este risco é vitalício e as mutações são hereditárias. Os homens portadores de mutações do gene BRCA-2 têm uma probabilidade de desenvolver cancro da mama que é 100 vezes superior à dos não portadores.
Para Tamara, que herdou do pai uma mutação do BRCA-1, conhecer o risco é não só muito importante mas também um acto de responsabilidade. «Se existir história de cancro da mama, assim como da próstata, do pâncreas ou melanoma, na família, não se perde nada em falar com o médico».