Frederico Pereira não pensou em desistir durante o processo de recuperação da sua mobilidade, apesar de a dificuldade em lidar com a dor o ter feito compreender que «é muito fácil desistir, porque a fase inicial da fisioterapia é muito dolorosa e é preciso muita força de vontade».
Para ilustrar as dificuldades, recorda os vários níveis de dor que sentiu: «No primeiro só me queixava com ‘ai’, no segundo já era malcriado para o fisioterapeuta [seu amigo], no terceiro já pedia ao fisioterapeuta para parar». Sempre que isto acontecia o fisioterapeuta perguntava-lhe se queria, ou não, voltar a andar, e inevitavelmente Frederico acabava por retomar o exercício que estava a fazer. «Habituei-me à dor, sabia que acabava por ser positiva», que sem ela não conseguiria «dar alguns passos».
Consciente que conseguiu manter-se «psicologicamente estável e consciente em todos os processos», acredita que ter feito desporto durante muitos anos o ajudou «bastante ao nível do espírito de sacrifício durante os treinos» - não há engano na palavra, para Frederico as sessões de fisioterapia eram mesmo treinos. Voltando ao desporto, além dessa capacidade de suportar momentos de grande desconforto, «os métodos de treino e de respiração» que desenvolveu e a que já estava habituado foram outras ferramentas muito úteis para «ultrapassar os momentos mais difíceis da fisioterapia».
«É muito importante toda a gente fazer desporto», frisa, «não só para se sentirem bem com elas próprias, mas também porque as coisas acontecem». O seu caso, e a utilidade que retirou da prática do desporto, é exemplar.