Dias mais longos e quentes desencadeiam a explosão da polinização na primavera, e com eles as reações alérgicas.
Os pólenes, elementos reprodutores masculinos das plantas, são grãos microscópicos que uma vez libertados para o ar e conduzidos pelos insetos as vão fecundar. Há milhares de milhões de grãos de pólenes no ar durante a primavera.
Em Portugal, existem pólenes na atmosfera durante todo o ano, mas entre abril e julho a concentração atinge o máximo. Entre nós, os pólenes mais representativos são os das gramíneas, da erva parietária (também conhecida por alfavaca-de-cobra), da oliveira, do plátano (sobretudo em áreas urbanas), do pinheiro, da azinheira e das acácias. Todos eles podem provocar doença em pessoas alérgicas.
A Primavera é uma estação de grandes tormentos para estas pessoas, dificuldades que variam de acordo com os órgãos que manifestam a alergia.
Olhos vermelhos, lacrimejantes e com comi- chão traduzem a reação alérgica ao nível da conjuntiva ocular - conjuntivite. Muitas vezes o prurido atinge a pele exposta, traduzindo a alergia neste órgão, acompanhado muitas vezes de lesões inflamatórias visíveis a olho nu - dermatite ou mesmo urticária.
Mas é o aparelho respiratório o mais afetado. Nariz tapado, alternando com períodos de abundante secreção, prurido e espirros, significam que o órgão de choque é a mucosa nasal - rinite. Garganta sensível com comichão indica que a faringe foi atingida pela reação alérgica. Quando tal acontece na laringe, surge a rouquidão ou mesmo a afonia: o doente quer falar, mas o som não sai. Continuando a descer no aparelho respiratório a tosse seca, contínua, incomodativa significa que a alergia está a afetar a traqueia. Caso se manifeste na árvore brônquica surge aquela que será a mais grave expressão de uma polinose, a asma brônquica, com uma tríade característica: tosse seca, pieira e dificuldade respiratória. Muitas pessoas sofrem de todos os sintomas.
Atualmente existem fármacos maravilhosos que permitem controlar de forma muito eficaz todas estas manifestações. Porém, como mais vale prevenir do que remediar, é importante ado- tar comportamentos que minimizem o impacto dos pólenes. Alguns comportamentos ajudam a minimizar a exposição:
- Passe os períodos de maior polinização junto ao mar em que a maior humidade diminui a concentração de pólenes no ar. Pela razão contrária, evite as zonas rurais;
- Pelo mesmo motivo escolha o local de férias e de lazer junto ao mar;
- Areje a sua habitação apenas nas horas com menor concentração de pólenes: antes do nascer e após o pôr do sol;
- Em dias ventosos proteja-se, permanecendo dentro de uma habitação;
- Nunca saia para o exterior sem óculos, de preferência escuros, e máscara facial;
- Quando viajar de automóvel feche as janelas: o carro funciona como um concentrador de pólenes. Evite andar de mota, e se o fizer use um capacete integral fechado;
- Nos períodos de maior polinização evite praticar exercício físico ao ar livre, caçar ou acampar;
- Evite ao máximo cortar relva e próximo dos locais onde essa atividade está a ser realizada: a concentração dos pólenes aumenta enormemente;
- Lave o nariz várias vezes ao dia com soro fisiológico. Em cada lavagem são eliminados milhares de partículas polínicas;
- Por fim, pode verificar diariamente o nível de concentração de pólenes, recorrendo a um dos múltiplos sites, como o da Rede Portuguesa de Aerobiologia (https://www.rpaero-biologia.com).
Se tiver estes cuidados a primavera será muito mais agradável. Boa primavera.