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30 março 2023

Criança alérgica

​​​​​​​Conhecer é o primeiro passo para identificar os sintomas.​

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​​Texto de Mariana Lobato | Imunoalergologista, Hospital CUF Descobertas e Clínica CUF Alvalade​

As alergias na idade pediátrica aumentaram nos últimos anos, estimando-se que afetem uma em cada três crianças. As mais frequentes são: rinite alérgica, asma, dermatite atópica, alergia alimentar e a medicamentos. Conhecê-las é o primeiro passo para identificar os sintomas.

RINITE ALÉRGICA
Resulta da inflamação da m​ucosa nasal. Os sintomas podem durar semanas a meses, manifestando-se sempre que as crianças são expostas a alergénios de ácaros, pólenes, animais, fungos, entre outros. Os sintomas mais comuns são o prurido nasal ou na garganta, espirros, a obstrução e o corrimento nasal. O controlo da doença passa por evitar a exposição a alergénios e abordar com o médico um plano terapêutico que poderá incluir anti-histamínicos não sedativos ou a aplicação de corticoides nasais. Em casos selecionados, poderão estar indicadas vacinas antialérgicas capazes de modificar a evolução da doença. Ter rinite aumenta o risco de desenvolver asma ao longo dos anos.

ASMA
Resulta da inflamação e obstrução das vias aéreas, podendo variar na sua gravidade. Caracteriza-se por falta de ar, pieira recorrente, tosse e aperto torácico. Para além da avaliação clínica, o diagnóstico pode ser suportado por exames de função respiratória. O tratamento e controlo desde os primeiros sintomas permite o normal desenvolvimento das vias aéreas e minimiza o impacto da doença. São vários os fármacos utilizados, destacando-se os corticosteroides inalados e os broncodilatadores.

DERMATITE ATÓPICA
Frequentemente, é a primeira doença alérgica a surgir. O prurido cutâneo, associado a lesões eritematosas, descamativas e, por vezes, exsudativas com secura e escoriações são os sintomas mais característicos. Para os minimizar, deve dar-se preferência à roupa de algodão e reforçar a hidratação cutânea com cremes adequados, podendo ter de se utilizar corticosteroides tópicos e outros anti-inflamatórios tanto na forma tópica como sistémica.

ALERGIA ALIMENTAR E A MEDICAMENTOS
Após a ingestão ou o contacto com algum ali- mento ou medicamento, se surgirem manchas eritematosas na pele, com comichão (urticária) ou inchaço (angioedema), tosse, dificuldade respiratória, espirros, sibilos (assobios ao respirar), lacrimejo, náuseas, dor abdominal, vómitos ou diarreia, tonturas, hipotensão ou desmaio, é muito provável que seja alergia. Registar o que se comeu ou tomou é essencial para a futura investigação. Os testes cutâneos por picada, as análises ao sangue ou as provas de provocação oral em ambiente hospitalar podem ajudar no diagnóstico. Nos casos de alergia confirmada, as crianças devem ter um plano de emergência escrito para saber como atuar em caso de contacto acidental. Este plano poderá incluir a toma de anti- -​​histamínicos e corticoides orais e, no caso da anafilaxia, o uso de um dispositivo auto-injetor (caneta de adrenalina) será o tratamento de eleição.

Caso suspeite que o seu filho tem alergia, deve procurar a ajuda de um médico imunoalergologista. Quanto mais precoce for o diagnóstico e tratamento, melhor será a saúde e qualidade de vida das crianças.
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