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3 outubro 2024
Texto de Maria Jorge Costa Texto de Maria Jorge Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de Duarte Almeida Vídeo de Duarte Almeida

«Desde pequenino gostava de artes marciais»

​A cultura da honra e da responsabilidade japonesa levou-o a descobrir o Muay Thai e a prática de Shorinji Kempo, não considerado desporto de combate.​

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O deporto sempre foi importante na vida de António e Catarina, por razões completamente diferentes. Para Catarina, a atividade física raramente foi um prazer, mas antes encarado como o sacrifício necessário para se manter saudável. Só quando descobriu o pilates encontrou uma atividade que a faz ansiar pelo dia da prática.

Para Raminhos o caminho foi radicalmente diferente. Enérgico, não se satisfazia com qualquer exercício. Foi procurando, foi encontrando, mas demorou a encontrar uma atividade que o completasse. Mas os sinais já lá estavam: «Desde pequenino gostava de artes marciais»

António Raminhos confessa que teve muitas questões relacionadas com a autoestima. Jogou vólei «sempre um escalão acima do meu». Mas desistia frequentemente, faltava a jogos por não conseguir gerir a pressão da competição e antecipar a possibilidade de falhar. Ainda criança pediu ao pai para ir para o karaté, uma experiência que se revelou «terrível».

«Fui com o meu pai à escola de k​araté, e lembro-me de estar dentro do carro e ver as portas da escola aberta e os miúdos de quimono a entrar. O meu pai nunca fez exercício na vida. Entrou e passado um bocado, volta e diz “isto é uma porcaria”, e fomos embora. Nunca mais sequer experimentei».

Apesar da desilusão, o fascínio pela cultura japonesa e asiática não esmoreceu. Quando ganhou alguma autonomia, «procurei e cheguei a praticar artes marciais. Depois parei e voltei a praticar», e nunca mais largou. Encontrou o seu mundo a que atribui a importância que a cultura nipónica atribui à honra, «muito importante para mim. Honra e responsabilidade».

Sendo uma pessoa que vive com perturbação obsessiva compulsiva (POC), défice de atenção e hiperatividade, tem tendência para se fechar no seu mundo. A prática permite-lhe sair dos seus pensamentos, não pensar em mais nada. Daí a​ opção pelo Muay Thai, prática de combate a que junta uma outra, o Shorinji Kempo, termo que designa as artes marciais do Japão que seguem os códigos morais e de ética próprios às artes de Budo, que não são desportos de combate. É uma das mais populares e prestigiadas artes marciais praticadas no Japão, apesar de ser relativamente recente. Foi fundada em 1947, pelo Grande Mestre Doshin So, após a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial. «É muito engraçado, porque no Japão não está inscrito como desporto, mas sim como uma prática contemplativa. Não é bem como uma religião».


 

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