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30 outubro 2020
Texto de Jaime Pina (médico, Fundação Portuguesa do Pulmão) Texto de Jaime Pina (médico, Fundação Portuguesa do Pulmão)

Como evitar a pneumonia

​​​​A medida preventiva por excelência é a vacina antipneumocócica.

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Uma pneumonia – processo infeccioso no pulmão – por ser uma infecção num órgão vital é sempre uma situação grave que pode comprometer a vida.

Em Portugal temos um sério problema com as pneumonias. Com mais de 100 mil casos, 40 mil internamentos anuais, e uma mortalidade que é o dobro da média da União Europeia. Morre um português com pneumonia em cada 92 minutos.

São muitos os microrganismos potencialmente implicados. Nas bactérias predomina largamente o pneumococo, o que tem implicações na vacinação. Relativamente aos vírus, destacam-se os da gripe e, agora, o SARS-CoV-2.

As pneumonias não são todas iguais, têm um largo espectro de gravidade. Essa gravidade, que é avaliada pelos médicos a partir de vários parâmetros clínicos, define o local onde o doente deve ser tratado: no domicílio, em enfermaria hospitalar ou em Unidade de Cuidados Intensivos. ​As mais graves originam a diminuição dos níveis de oxigénio do sangue, traduzindo-se na falência da função respiratória. É através desta função que o pulmão enriquece o sangue com oxigénio e o depura de anidrido carbónico, um gás venenoso que resulta do funcionamento de todas as células do organismo. Quando os níveis destes dois gases se situam, respectivamente, abaixo e acima dos seus valores limite, tal é incompatível com a vida e o doente morre. É o que está a acontecer com muitas pneumonias que acompanham a COVID-19.

Sob o ponto de vista clínico, as pneumonias expressam-se por um conjunto clássico de sintomas: febre, tosse, dor torácica (que se agrava com os movimentos respiratórios – dor tipo pontada) e dificuldade respiratória. Porém, esta expressão apresenta muitas excepções. Por exemplo, nas pessoas idosas muitas vezes não há febre nem sintomas respiratórios, mas apenas quebra do estado geral e alterações da consciência, com confusão e desorientação.

As pneumonias que acompanham a COVID-19 têm as características das pneumonias graves: afectam geralmente ambos os pulmões, decorrem com falência da função respiratória, apresentam elevada letalidade e, quando curam, deixam, na maior parte dos casos, sequelas fibrosas que podem comprometer a capacidade respiratória do doente para o resto da vida. Por
se acompanharem de acentuada baixa de oxigénio no sangue, muitas vezes incompatível com a vida, muitos destes doentes têm de ser ventilados (o ventilador substitui o pulmão), receber oxigénio em doses elevadas e ser tratados com os poucos fármacos disponíveis: os antivirais remdesivir e favipiravir, e uma potente cortisona, a dexametasona. 

Este Inverno, vamos ter as habituais pneumonias bacterianas juntamente com as provocadas pela gripe e pelo SARS-CoV-2, por isso são ainda mais importantes as atitudes preventivas.

Relativamente às primeiras, a ferramenta preventiva por excelência é a vacina antipneumocócica, também identificada como a vacina da pneumonia. Relativamente à gripe, se pertence a um dos grupos de pessoas vulneráveis definidos pela DGS, a melhor forma de prevenção é a vacina. Quanto à COVID-19, enquanto não houver uma vacina devemos ser muito rigorosos nas medidas preventivas ao nosso alcance: etiqueta respiratória, higiene das mãos, desinfecção das superfícies, distanciamento físico e, sobretudo, a principal medida de protecção individual, a máscara facial. Esta defende-nos não só do SARS-CoV-2 como de todos os outros vírus respiratórios, como os da gripe.

No dia 12 de Novembro, Dia Mundial da Pneumonia, não se esqueça: se for cuidadoso e rigoroso com estas medidas preventivas, a probabilidade de adoecer é muito menor.
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