No ano de 2012 quando, por iniciativa própria, entrou em contacto com o Clube Judo Total, Miguel Vieira, 37 anos, estava longe de imaginar que aqui encontraria uma segunda casa. «Apaixonei-me logo pelo clube. São, para mim, uma família…», elogia o atleta que, em 2005, sofreu perda súbita da visão.
Cego, o atleta paralímpico português é apenas um dos muitos rostos (juniores e seniores) que, todas as semanas, têm, neste clube, local de treino.
O Clube Judo Total, a funcionar nas instalações Pista de Atletismo Municipal Prof. Moniz Pereira, na Rua João Amaral, na Ameixoeira, Lisboa, distingue-se por ser um espaço desportivo inclusivo onde todos podem praticar judo sejam portadores de condição de deficiência ou não. «O objeto do clube é não dar desculpa a ninguém que queira treinar judo para não o fazer, independente da sua condição física, intelectual, social ou económica», começa por explicar o mestre Fernando Seabra (Cinto Negro, 5º. Dan, treinador de judo e de judo adaptado).
Frequentando a mesma aula, praticantes com e sem condição de deficiência partilham o tatami. «Tenho pessoas que fazem judo de manutenção e sem intuitos competitivos», descreve o também consultor da Federação Portuguesa de Judo.
Aqui, todos os detalhes são pensados em prol do aluno praticante. «Temos um esquema de rotação dos fatos. Há medida que crescem, os miúdos entregam os fatos no clube para que possam servir para outros mais carenciados, e assim sucessivamente...», pormenoriza Fernando Seabra.
Jerónimo Ferreira (6.º Dan); Fernando Seabra (5.º Dan);Ricardo Valentim (3.º Dan); Manuel Martins (7.º Dan); Diogo Ferreira (3.º Dan); Nuno Ferreira (3.º Dan); José Carlos Silva (3.º Dan); Ana Sena (2.º Dan); João Machado (2.º Dan); Rui Telmo Romão encabeçam a lista de treinadores e cintos negros do Clube Judo Total.
