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29 agosto 2024
Texto de Telma Rocheta | WL Partners Texto de Telma Rocheta | WL Partners Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de André Abreu Vídeo de André Abreu

«Chegar longe com saúde física e mental»

​​​​Aos 50 anos, casado há mais de 20 e com dois filhos, o ator revela a fase tranquila que vive.

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O Rui agora é uma pessoa mais tranquila e espiritual, já não é o "ganda maluco", como se autointitulava. Como aconteceu essa mudança?
Foi uma progressão natural. Com a idade começamos a ter a noção de que não estamos cá para sempre. Quero chegar o mais longe possível com saúde física e mental. E descobri que cultivando o espírito e a saúde mental temos mais condições para estar bem. Se continuarmos preocupados só com a performance, ou com objetivos profissionais, isso não vai acontecer.


«Ter sucesso e trabalho não é uma prioridade maior do que ter tempo para a minha família e comigo próprio»

Aprendeu a desacelerar?
Vivemos numa sociedade em que somos avaliados em função dos resultados e na minha área precisamos sempre de validação. A primeira coisa que nos perguntam é: "O que estás a fazer agora?". No início achava normal: ser artista é produzir. Percebi que não é, que se quero manter a minha saúde mental tenho de priorizar outras coisas. Obviamente, gosto de trabalhar e de ter sucesso, mas não é uma prioridade maior do que ter tempo para a minha família e comigo próprio.

Os atores são mais vulneráveis à pressão exterior? 
Quem tenha a síndrome do impostor, ou dúvidas normais sobre o seu valor, pode cair em processos depressivos. É muito comum. Eu era mais dado a isso, houve momentos em que tive as minhas travessias no deserto e ainda continuo a duvidar muito de mim. Devia ter recorrido a ajuda profissional, um psicólogo, mas foi um processo solitário. Hoje em dia já consigo reconhecer os primeiros sintomas. Quando me sinto um bocadinho mais em baixo, tenho as minhas estratégias para ultrapassar. Felizmente, tenho uma mulher que me apoia muito e uma família que me suporta a esse nível.


Com tendência para processos depressivos, desenvolveu uma persona pública muito confiante, o 'ganda maluco'​​

Ninguém diria que tem essas inseguranças, porque a imagem que passa é a de uma pessoa sempre bem-disposta.
Nunca tive uma depressão profunda, mas tenho essa tendência. Desenvolvi uma persona pública muito confiante, bem-disposta, o "ganda maluco". Havia quem me achasse convencido. Confesso que me chateava imenso. Felizmente, acho que hoje pareço o que realmente sou. Na altura, eu próprio não sabia o que projetava, o que eu era e o que queria ser. Agora tento que esteja tudo alinhado. Mal seria se, aos 50 anos, não me conhecesse, não soubesse aquilo que projeto para as outras pessoas. Sei muito bem para onde quero ir.

Quem é o Rui Unas?
Vou cair num grande cliché: quero ser a melhor versão de mim mesmo. Passa por conhecer-me muito bem e – outro cliché – ter um propósito. Todos nós temos de ter um propósito e uma verdade. Cada um tem de arranjar um motor para funcionar e eu tenho os meus motores. Não é só um: é a minha mulher, são os meus filhos, os meus pais, os meus amigos, a minha profissão.

O que lhe dá serenidade?
Antes, tinha receio de usar a palavra espiritual. Espiritual não significa religioso, é a vida interior, passa por nos conhecermos. A filosofia tem-me ajudado muito. 90% da literatura que consumo é sobre filosofia. Gosto muito dos clássicos e de pensadores contemporâneos, que me ajudam a encontrar luzes para responder a questões e a esta crise existencialista que assumo ter.



O galinheiro que tem em casa também faz parte desse caminho...
Com a idade, fui perdendo o entusiasmo, já nada me surpreende. Mas a vida é muito mais rica quando encontramos, de forma voluntária, algo que nos entusiasma. Tenho a minha hortinha e o galinheiro, a que chamo o cabaré das coxas [em referência a um programa de TV que teve, chamado “Cabaret da Coxa”], faz parte de um ritual diário. São dez, 15 minutinhos por dia, em que limpo o galinheiro, lhes dou comida, fico ali um bocadinho a vê-las, interajo com elas. Já me reconhecem, sobretudo a Moela. Isto pode parecer tudo muito ridículo e até risível, e eu sei que é.

As galinhas têm nome?
Têm nomes de pratos: a Moela, a Fricassé, a Cabidela e a Canja. E há uma que eu pensava que era uma galinha e afinal é um galo, que, por acaso, tem o nome de um prato típico do Panamá.

Tem cuidados com a saúde?
Durante 11 anos fiz luta greco-romana. Quando comecei a fazer televisão, deixei de praticar. Fiz, entretanto, outras modalidades, mas desde há uns dez anos só faço ginásio, sempre com cargas, com pesos. É fundamental para manter a massa muscular.

 Porque é que começou a fazer banhos em água gelada?
Há dois anos passei o réveillon na Serra da Estrela e, como não podia ir para a praia no primeiro dia de janeiro, fui para um poço de água fria e postei isso nas redes sociais. Não sei se foi o algoritmo a funcionar, começaram a aparecer-me os banhos de água fria e o Wim Hof [um holandês que promove a imersão em águas geladas]. Percebi que havia algumas pessoas em Portugal a praticarem. Meti conversa com um coach que também faz banhos gelados e ele convidou-me a visitá-lo. Depois fiz com outro instrutor certificado, comecei a pesquisar e a tentar fazer com regularidade. O facto de logisticamente não ser fácil fazer sempre banhos gelados em casa fez-me procurar uma alternativa e desafiei a Tensai a fazer uma banheira, mais barata do que as que já existiam no mercado.

Sente que inspira as pessoas?
Não o faço intencionalmente, mas se levar alguém a experimentar algo que lhe acrescente, ótimo. Não quero ser um guru, mas por acaso até tenho um canal no Instagram que é uma brincadeira, o Gurunas. Ali sinto-me confortável, sem parecer ridículo, a dar o meu testemunho.



Quando fez 50 anos apareceu na capa da Men’s Health em tronco nu com o seu filho. Como foi isso?
Não queria muito, era uma exposição enorme, e não tenho nenhum corpo de Men's Health, ia parecer que estava a armar-me em bom. Mas o diretor da revista convenceu-me. Foi uma forma de partilhar a minha relação com o meu filho — com os meus dois filhos — e também a importância dos cuidados com a saúde. Não estava com um físico espetacular, e não treinava há dois meses, porque andava em digressão com uma peça. É claro que aquilo afaga um bocadinho o ego, e eu e o meu filho mais velho ficámos com uma recordação para a vida.

Publica vídeos a dançar com a mulher com quem casou há mais de 20 anos. Qual é o segredo da vossa relação?
Durante a pandemia, gravávamos vídeos de dança e publicávamos aquelas macacadas no TikTok. Aquilo ganhou uma popularidade de que não estávamos à espera e, às tantas, decidimos parar um pouco. De vez em quando ainda partilhamos umas coisas, com naturalidade. É uma vertente da minha vida e tenho muito orgulho da relação que tenho. Quanto ao segredo, acho que só pessoas felizes fazem um casamento feliz. Há que ter humildade, respeitar o espaço de cada um e ter a sensatez de perceber quando estamos errados.

Tem alguma farmácia onde vá frequentemente? 
Vou à Farmácia Avenida Brasil, em Lisboa, porque faz manipulados, que são receitados por médicos, mas feitos especificamente para cada pessoa. Em vez de ser um genérico, temos a dose certa de suplementos para cada um.

Agradecimentos: Lagoas Park Hotel

 

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