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19 agosto 2020
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Ricardo Castelo Fotografia de Ricardo Castelo Vídeo de Nuno Santos Vídeo de Nuno Santos

Autarquia financia serviço farmacêutico

​​​​​​​​​​​​​​​Águeda é o primeiro município português a comparticipar o serviço de Preparação Individualizada da Medicação (PIM).

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A iniciativa pioneira foi concretizada em tempo recorde: três semanas desde a apresentação da proposta ao presidente da câmara, Jorge Almeida, até à assinatura do protocolo, a 18 de Agosto, no edifício camarário. Enfermeiro de profissão, Jorge Almeida acolheu «com as duas mãos e uma vontade enorme» a ideia que partiu de Pedro Marques, farmacêutico na comunidade rural de Macinhata do Vouga e presidente daquela junta de freguesia. O conhecimento profundo das dificuldades da adesão à terapêutica dos dois profissionais de saúde agilizou a concretização de um projecto de saúde pública que em breve poderá ser uma realidade em todo o país.

Enquanto enfermeiro, Jorge Almeida visitou muitos doentes idosos medicados nas próprias casas, apercebendo-se da enorme confusão nas gavetas onde guardam os medicamentos. «Percebemos que dali não pode resultar coisa boa», conclui. A não adesão à terapêutica é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo e também em Portugal. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 50% dos cidadãos não tomam os medicamentos correctamente. Metade dos internamentos são consequência da má utilização dos medicamentos.



Uma resposta para minimizar o problema é a PIM, que consiste na organização por parte do farmacêutico dos medicamentos num dispositivo de múltiplos compartimentos, selado de forma estanque e descartado após a utilização. O serviço é «do agrado dos utentes», confirma Rosa Cerveira, directora-técnica da Farmácia Nova de Águeda. «Conseguimos fornecer o medicamento certo na hora certa e na dose certa ao utente. Evita confusões, esquecimentos, sobredosagens e permite aquilo pelo que lutamos: a adesão à terapêutica».

O financiamento autárquico permite estender a mais utentes esta comodidade de que alguns estavam excluídos por motivos financeiros. Os beneficiários são doentes crónicos ou idosos, a tomar vários medicamentos de uso continuado. No projecto que vai arrancar agora em Águeda, os munícipes serão identificados e encaminhados pelo centro de saúde e pelas farmácias. O município financia até 100% o valor semanal da PIM, cinco euros, sendo a percentagem de comparticipação definida em função da condição sócio económica da pessoa. O desconto é aplicado directamente ao utente na farmácia onde usufrui do serviço.



«Encontrámos aqui a estrutura que nos permite prestar um grande serviço a uma franja muito significativa de população, garantindo que têm acesso à medicação de uma forma correcta e não potenciadora de erros», afirmou o presidente do município de Águeda durante a cerimónia onde assinou o protocolo com a Associação Nacional das Farmácias (ANF) e a Associação Dignitude, que disponibiliza à câmara municipal a sua plataforma de gestão de beneficiários. «Tudo aquilo que contribua para melhorar a maneira como as pessoas se relacionam com o medicamento é bom», congratulou-se a presidente da Associação Dignitude, Maria de Belém Roseira.  

O projecto põe em diálogo as áreas da saúde, solidariedade e autarquias, com o objectivo de ajudar a que as pessoas vivam mais e melhor. Este espírito de entreajuda confere-lhe «extrema relevância», considerou a presidente do conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Comunitária da Ordem dos Farmacêuticos, que representou a bastonária Ana Paula Martins. O protocolo trará «resultados benéficos à saúde», segundo Carolina Mosca, que defendeu a sua «extensão a todas as comunidades e municípios». 



Trata-se de um projecto «muito pioneiro», na opinião do presidente da ANF, justamente porque acrescenta uma nova dimensão àquilo que tem sido a relação entre as três áreas. Paulo Cleto Duarte acredita que o impacto vai ser muito positivo na saúde da comunidade de Águeda e não tem dúvidas quanto à replicabilidade. «A expansão a nível nacional vai ocorrer e vai ocorrer muito mais depressa que nós imaginamos, porque estamos a falar de um dos maiores problemas de saúde pública a nível global e também em Portugal. Este momento vai ficar seguramente na história da saúde em Portugal», afirmou. 

 

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