Texto de Ana Isabel Rodrigues Silva | Coordenadora de pediatria, Hospital CUF Coimbra e Hospital CUF Viseu
A asma nas crianças é um diagnóstico desafiante, mesmo para pediatras e imunoalergologistas. Quanto mais pequenas forem, maiores são os desafios que a doença coloca às próprias crianças, aos pais e aos médicos.
A asma define-se como uma inflamação das vias aéreas inferiores, ou seja, é uma condição em que a criança apresenta uma inflamação das estruturas do pulmão. Trata-se de um tema importante em pediatria, porque é uma das doenças mais frequentes na infância e tem-se tornado cada vez mais presente nos consultórios médicos.
Um dos principais desafios no diagnóstico da asma em crianças prende-se com o facto de a tosse e a pieira (tipicamente descrita como “gatinhos”), sintomas característicos da doença, serem também habituais noutras condições fre- quentes nesta fase da vida, como as infeções respiratórias víricas.
Acresce ainda o facto de não ser possível realizar alguns dos exames mais importantes para o diagnóstico da asma, ou haver limitações para a sua realização em algumas faixas etárias. Assim, abaixo dos dois ou três anos de idade, os pediatras avaliam um padrão de sintomas e queixas, sugestivos de uma elevada probabilidade de estarmos perante o diagnóstico de asma, o qual só poderá ser confirmado mais tarde, numa idade em que já é seguro realizar os exames.
Sinais que merecem a atenção dos pais
Primeiro, é importante perceber se o bebé apresenta pieira de forma habitual. Muitas vezes, nestes casos, é comum pedirmos aos pais para filmarem pequenos vídeos sempre que ouvirem um ruído que lhes pareça essa tal pieira. Desta forma, podemos confirmar que se trata do som certo, mesmo que no momento da avaliação a criança não apresente sintomas. Outro fator importante é perceber se o bebé costuma acordar durante a noite com tosse, pieira ou dificuldade respiratória.
Ainda no que a sinais de alerta diz respeito, importa reconhecer que, muitas vezes, as crianças com asma param de correr porque ficam com tosse, pieira ou dificuldade respiratória e, perante estes cenários, devemos suspeitar de que algo não está bem. Em casos mais severos, estes sintomas podem surgir também com o choro, com o riso, ou quando a criança é exposta a cheiros mais intensos, como é o caso do fumo do tabaco.
Informações adicionais que devem ser tidas em conta na hora de procurar um especialista
Outras informações clínicas que podem ajudar passam por perceber se há história de dermatite atópica ou de rinite, ou mesmo se há casos de asma ou doença alérgica na família.
No caso de perceber que o seu filho tem este tipo de sintomas, deve agendar uma consulta com o pediatra. Caso se confirmem sinais altamente sugestivos de asma, o tratamento passará, muitas vezes, por investigação e terapêutica farmacológica.
Lembre-se: a asma é uma doença que, quando controlada, pode não afetar a qualidade de vida das crianças. No entanto, quando não controlada, pelo número de crises, pelos sintomas persistentes, o absentismo escolar e, consequentemente, laboral dos pais, tem um forte impacto na vida das famílias.
Na dúvida, consulte sempre o seu pediatra.