Primeiro a pandemia fechou-nos em casa, depois ficámos com medo de sair à rua e muitos dos hábitos saudáveis adquiridos perderam-se. Está na hora de voltar a dedicar atenção à prevenção de outros riscos, porventura mais silenciosos do que o SARS-CoV-2, mas cujas consequências também deve ter em conta. E a sua farmácia está bem perto para ajudar.
CONTROLE A PRESSÃO ARTERIAL E A FREQUÊNCIA CARDÍACA
A pressão arterial, ou tensão arterial como é vulgarmente conhecida, é a força que o sangue exerce quando passa nas artérias. É caracterizada por dois valores, medidos em milímetros de mercúrio (mmHg) ― uma unidade de pressão ― que devem estar dentro de limites bem definidos:
PRESSÃO ARTERIAL MÁXIMA (OU SISTÓLICA)
Idealmente, deve ser inferior a 120 mmHg
PRESSÃO ARTERIAL MÍNIMA (OU DIASTÓLICA)
Idealmente, deve ser inferior a 80 mmHg
Quando a pressão arterial é excessiva, de modo contínuo ao longo do tempo, diz-se haver hipertensão arterial (“tensão alta”), que muitas vezes evolui sem sintomas, apesar dos danos que se vão instalando em órgãos como o coração, os rins, os olhos, os pulmões e o cérebro. Assim, e de acordo com os órgãos afectados, podem desenvolver-se problemas a nível cardíaco, como enfarte do miocárdio (“ataque cardíaco”), insuficiência renal, AVC (acidente vascular cerebral), entre outros.
A frequência cardíaca corresponde ao número de vezes que o coração bate por minuto e, idealmente, em repouso, deve situar-se entre os 60 e os 100 batimentos por minuto. Se o número de batimentos variar muito face ao habitual ou se o seu ritmo for irregular, fala-se em arritmias, que podem ter como causa, por exemplo, uma doença cardíaca.
É possível prevenir a hipertensão arterial, adequando o estilo de vida, e a monitorização destes dois parâmetros poderá facilitar o ajuste de alguns hábitos. Mesmo para pessoas já diagnosticadas, a tomar medicação, o controlo regular permite perceber se estão dentro dos valores desejados e se a medicação está a ser eficaz.
ATENÇÃO ÀS GORDURAS NO SANGUE
O organismo armazena as calorias (energia) que não são gastas de imediato, transformando-as em triglicerídeos, um tipo de gordura. Quando se consome mais calorias do que aquelas que são gastas, os níveis de triglicerídeos no sangue aumentam, o que pode dar origem a uma condição chamada dislipidemia. Com o passar dos anos, a dislipidemia contribui para o espessamento e rigidez das artérias, factor de risco para doenças cardiovasculares (do coração e dos vasos sanguíneos). Idealmente, os triglicerídeos no sangue deverão estar abaixo de 150 mg/dL. Fale com a sua farmácia sobre a vigilância deste parâmetro.
AS DUAS CARAS DO COLESTEROL
O colesterol é uma gordura essencial ao organismo, por estar envolvida em muitos dos processos biológicos. É produzida no fígado, mas também está presente em vários alimentos que ingerimos. Divide-se em dois grandes grupos:
• LDL ou “colesterol mau”. O aumento dos seus níveis no sangue está associado ao risco de desenvolver doença cardiovascular ― tendem a depositar-se na parede das artérias, provocando obstruções que aumentam o risco de, por exemplo, enfarte do miocárdio (“ataque cardíaco”) e AVC;
• HDL ou “colesterol bom”. Tem o papel de “limpeza” das artérias, contribuindo para o transporte de gordura para o fígado, com posterior eliminação no organismo.
É importante conhecer os níveis de ambos, para que se possam desenhar as respostas mais adequadas à prevenção de doenças. Os valores ideais são:
LDL → Inferior a 115 mg/mL
HDL → Superior a 40 mg/mL no homem || Superior a 45 mg/mL na mulher
Colesterol total → Inferior a 190 mg/dL
DETERMINE A GLICEMIA
A glicemia define a quantidade de glicose (açúcar) no sangue, principal fonte de energia do organismo, obtida tanto através dos alimentos como por produção no fígado. O uso da glicose é essencial às células e só é possível graças à insulina, uma hormona produzida no pâncreas, que funciona como “chave” para que este açúcar entre nas células e seja utilizado pelas mesmas como fonte de energia. Quando a produção de insulina é insuficiente ou o organismo não consegue utilizá-la correctamente, os níveis de açúcar no sangue aumentam, dando origem a uma condição chamada hiperglicemia, característica primordial da diabetes.
Existem vários tipos de diabetes, mas o mais comum é a diabetes tipo 2 (corresponde a nove em cada dez casos de diabetes), frequentemente associada à incapacidade de o corpo utilizar insulina de forma eficiente. A determinação da glicemia permite acompanhar a evolução da doença e actuar de modo rápido para reduzir o risco de complicações, mas também agir preventivamente junto das pessoas em risco de desenvolver diabetes. Idealmente, este parâmetro deve situar-se:
Antes das refeições → entre 70 e 109 mg/dL
Após as refeições → inferior a 140 mg/dL
Antes de mais o melhor é manter um estilo de vida mais activo e saudável, através de uma alimentação equilibrada, a prática de actividade física, e evitando o stress e hábitos nocivos, como o tabagismo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Fale com a sua farmácia para um aconselhamento mais personalizado.