«Todas as semanas tenho aqui umas 30 a 40 pessoas a visitar o estaleiro». As palavras são de Jaime Costa, mestre naval, que está à frente daquele que é um dos últimos estaleiros a operar no país e que repara e constrói barcos de madeira tradicionais.
Da Lisnave a Alcochete havia 42 estaleiros. Resta um.
À beira-rio, fragatas, botes e varinos fazem companhia uns aos outros. Um sinal dos tempos actuais que contrastam com a azáfama do passado.
«A importância destas embarcações foi total. Tudo o que era preciso transportar da margem Norte para a margem Sul era feito com estes barcos», evoca o mestre que, presentemente, vê a actividade resumida a uma equipa em que a média de idades está «acima dos 66 anos».
Com o apoio da Câmara Municipal da Moita, o Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos é hoje ponto de encontro para gentes vindas de todas as partes do mundo.
«Vêm da Polónia, Macau, Alemanha… Querem vir ver como é que a gente trabalha. Ficam aqui horas», relata o experiente mestre naval.
Há anos a adiar a extinção da arte e da actividade, Jaime Costa deixa uma mensagem de alerta: «Se o Estado não intervir e não aproveitar as pessoas que aqui estão para passar os conhecimentos aos mais novos, acho que isto vai acabar totalmente em Portugal».
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