Farmácias inglesas previnem despesa pública
No Reino Unido, foi a crise a impor a inovação. As farmácias foram chamadas pelo Governo a combater o descontrolo de custos com a Saúde. Por isso assumiram funções clínicas, remuneradas pelo Estado.
Quando foi criado, em 1948, o National Health Service (NHS) custava 140 milhões de libras (149 milhões de euros). Depois, seguiram-se quase 70 anos de sucesso e prestígio internacional, mas também de colossal crescimento de custos. Em 2015, a factura já ia nos 150 mil milhões de euros. O risco de descontrolo orçamental ditou uma nova era de contratualização de serviços com as farmácias.
Na sequência da crise de 2008/2009, as farmácias viram-se obrigadas a pensar “fora da caixa”, criando soluções inovadoras. «O Governo transferiu serviços para o sector farmacêutico, que está hoje na linha da frente dos cuidados primários», explicou Rajesh Patel, da direcção da National Pharmacy Association do Reino Unido. As farmácias britânicas «estão a evoluir de uma actividade de dispensa de medicamentos para, cada vez mais, ter funções clínicas».
Lá como cá, há constrangimentos financeiros. De acordo com o orador, o Ministério da Saúde do Reino Unido espera poupar 38,3 mil milhões de euros em ganhos de eficiência até 2020. As farmácias, só este ano, vão sofrer um corte no orçamento no valor de 108 milhões. E esta é a base para a renegociação do acordo. O que fazer? Encontrar modelos disruptivos, continuar a inovar.
Contrato do National Health Service com as farmácias
As farmácias são remuneradas pela prestação de serviços, como monitorização e revisão terapêutica, ou apoio a subpopulações especiais. O modelo prevê ainda a partilha de ganhos, em programas como troca de seringas, incentivo à dispensa de genéricos e substituição de opiáceos.
Foram determinados serviços nacionais e locais. Todas as farmácias são obrigadas a prestar os serviços nacionais. Surge ainda um terceiro nível, designado por Serviços Avançados, que incluí:
Revisão terapêutica – Medicine Use Review (MUR)
O Reino Unido gasta uma média de 500 milhões de euros por ano em medicamentos que não são tomados de forma correcta. O protocolo MUR centra-se em quatro medicamentos identificados como de alto risco: anti-inflamatórios não esteróides, anticoagulantes, antitrombóticos e diuréticos. Entre 2014 e 2015, 90% das farmácias participaram e fizeram 3,2 milhões de MUR.
New Medicine Service (NMS)
As farmácias comprometem-se a contactar três vezes os doentes:
1. O primeiro contacto, naturalmente, é quando o doente apresenta a receita – dia 0;
2. 14 dias depois há segundo contacto com o doente, presencial ou mesmo por telefone;
3. 28 dias depois, terceiro contacto para reavaliação.
Se surgir alguma complicação ou dúvida que não possa ele próprio resolver, o farmacêutico referencia o doente para o médico de família. Em 2015, um estudo da Universidade de Nothingham concluiu que o NMS melhorou substancialmente os cuidados de saúde e reduziu custos para o NHS. Tinha sido lançado em 2001, como projecto-piloto, foi então incorporado nos cuidados avançados de saúde das farmácias.
Vacina da gripe
Os últimos indicadores revelam que 8.000 farmácias aderiram ao programa desencadeado em 2014, com uma taxa de 9 libras, tendo sido ministradas 500 mil vacinas.
