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30 novembro 2018
Texto de Maria João Veloso Texto de Maria João Veloso Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

A jornalista de investigação

​Manuela Moura Guedes investigou, descobriu e foi “posta na prateleira”.

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No ano 2000, a TVI estava para fechar e foram buscar Manuela Moura Guedes para ver se as audiências subiam. «Lembro-me que, na altura, fui discutir o meu ordenado com o administrador. Disse-lhe que queria o que tinham proposto aos outros jornalistas convidados para apresentar o Jornal Nacional de sexta-feira».
Ele argumentou que ela estava fora do ar há muito tempo e teria de se contentar com a proposta inicial. Manuela respondeu: «Você duvida que eu vá pôr o Jornal em cima?». Mas ficou a ganhar bastante menos. A promessa ficou: «Quando o Jornal for o primeiro, volto a falar consigo». Passado um ano, apanhou-o no corredor e confrontou-o: «Já viu a audiência do jornal?». Mas só um ano ou dois depois é que foi chamada ao gabinete do presidente para receber o aumento prometido. Nessa altura, fizeram um grande discurso e disseram que eu era fundamental. «Foi o mesmo presidente que mais tarde veio dizer que a minha informação era terrível. As coisas são assim».
 
De repente, tornara-se incómoda, mas não sabe fazer as coisas de outra forma. «Um jornalista começa a achar estranho um facto qualquer. E o que faz? Põe de lado? Não revela?».
 
Assim que os espanhóis foram para a TVI e que José Sócrates foi eleito primeiro-ministro, foi posta de parte. «Estive entre 2005 e 2008 sem fazer nada. Na prateleira. Mas, uma vez jornalista, jornalista para sempre, e ia tentando fazer alguma coisa. Um dia comentaram que o caso Freeport tinha sido arquivado. Confirmou junto da Procuradoria-Geral da República que não tinha sido e começou a investigar. E a «encontrar coisas estranhas». Teve de pedir colaboração ao jornal semanário Sol para poder pôr alguma coisa no ar e as peças tornaram-se cada vez mais desconfortáveis para o ex-primeiro-ministro. «É um fenómeno estranho. As coisas eram evidentes, havia um controlo de quase tudo. Não lhe chamavam uma ditadura, mas era uma completa inversão do que é uma democracia. E estivemos quase a perdê-la».
 
Saiu da TVI em 2009 e só sente que voltou a trabalhar agora na SIC, no programa “A Procuradora”. Pelo meio, apresentou o concurso “Quem quer ser milionário?”, na RTP1, e teve uma passagem «de má memória» pelo programa “Barca do Inferno”, na RTP Informação, hoje RTP3.
 
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