A febre é, sem dúvida, a principal causa de consultas urgentes em Pediatria.
No entanto, apesar do grande receio dos pais, trata-se de um mecanismo de defesa do organismo, que ajuda a combater as infecções e, dessa forma, a melhorar a nossa capacidade de defesa.
Na maior parte das vezes (mais de 80 por cento dos casos), é provocada por infecções virais, não representando risco acrescido para a criança. Por esse motivo, não precisa propriamente de ser “tratada”, excepto quando a criança está desconfortável e, nesses casos, a medicação serve para aliviar o desconforto.
De qualquer forma, há situações em que a febre pode ser um marcador de doença mais grave, pelo que importa sempre conhecer os sinais de alarme em que se justifica uma observação médica urgente. Os principais são os seguintes:
• Idade inferior a três meses. Até aos três meses, o sistema imunitário dos bebés não está bem desenvolvido, pelo que a probabilidade de desenvolver uma infecção mais grave é maior.
• Mal-estar. O estado geral da criança é o melhor indicador da atitude a tomar. Deve sempre ser avaliado quando a temperatura baixa, porque em pico febril é normal a criança estar mais irritada ou menos reactiva. Quando baixa a febre é suposto haver uma melhoria. Se isso não acontecer, a criança deve ser observada.
• Má resposta à medicação. Os medicamentos para a febre demoram cerca de uma hora a fazer efeito e baixam a temperatura entre 1 a 1,5 graus celsius. Se a resposta à medicação não for adequada, deve-se tentar perceber se existe outra causa diferente para a febre.
• Associação a vómitos e dor de cabeça. Os vómitos e a dor de cabeça, associados a febre e mal-estar geral, levantam a suspeita de poder tratar-se de meningite ou outra infecção mais grave.
• Manchas na pele nas primeiras 24 horas de febre. Sempre que surgem e essas manchas não desaparecerem quando se faz pressão na pele, a criança deve ser avaliada.
• Mais de três dias com febre. A maior parte das infecções que causam febre em crianças é de origem viral e dura três a cinco dias. Se ao fim do terceiro dia não houver melhoria do quadro, a criança deve ser observada para tentar perceber se existe outra causa para a febre.
• Em jeito de conclusão, gostaria de reforçar a ideia de que, na maioria dos casos, a febre é benéfica e trata-se apenas de uma forma de optimizar as defesas do organismo, pelo que me parece importante desconstruir o medo generalizado que existe deste sintoma tão comum.
Por fim, queria deixar uma mensagem de despedida a todos os leitores que foram acompanhando os meus textos aqui na Revista Saúda. Hoje termino a minha participação nesta revista, pelo que não podia deixar de agradecer a todos os que me foram fazendo “companhia” ao longo dos anos. Espero ter ajudado nalgumas situações e, como gosto de dizer, ter descomplicado um pouco certos desafios da maternidade. Podem continuar a acompanhar-me no meu projecto
Pediatria para Todos, bem como nas respectivas páginas de Facebook e Instagram.
Um enorme bem-haja a todos e até breve!
