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15 julho 2020
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

23 minutos de união

​​​​​​​​​​​Farmácias fizeram paragem simbólica no dia 27 de Maio.

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Poucos depois das 15 horas, formou-se um pequeno aglomerado humano à porta da Farmácia Baião Santos, em Queluz, cidade de 80 mil habitantes a meio caminho entre Lisboa e Sintra. As pessoas abrigavam-se do sol abrasador nas arcadas do edifício.

Na porta fechada e nas vitrinas da farmácia estava afixado um comunicado à população da Associação Nacional das Farmácias e da Associação de Farmácias de Portugal. O cartaz expunha as razões da suspensão dos serviços, por 23 minutos, naquela quarta-feira, 27 de Maio (ver páginas seguintes). 

A paralisação simbólica de 23 minutos coincidia com o tempo agendado para o debate parlamentar da petição “Salvar as Farmácias, Cumprir o SNS”, assinada por mais de 120 mil portugueses, o que a torna a mais participada das duas últimas legislaturas. O sistema de dispensa de receitas electrónicas esteve inactivo e a linha 1400, para encomenda de medicamentos 24 horas por dia, durante três dias informou os portugueses sobre o que ia ser decidido na Assembleia da República com impacto o serviço das farmácias à população.

A directora-técnica aproveitou aqueles 23 minutos para esclarecer as pessoas. Fátima Baião Santos tinha a certeza de que a paragem simbólica seria bem acolhida. «Vão compreender que é para continuarmos a prestar serviços de apoio à população, como a dispensa de medicamentos hospitalares», declarou antes de sair da farmácia.


«Os 23 minutos, sinceramente, foram pouco», considera a utente Lucélia Silva

Não se enganou. Algumas pessoas já tinham ouvido alguma coisa na televisão, mas gostaram de trocar ideias com a farmacêutica. «Até podia ser o dia todo», comentou um utente. «O Estado deveria olhar mais para as farmácias, com olhos de ver. Os 23 minutos, sinceramente, foram pouco», concordou Lucélia Silva.

O tempo passou depressa. A farmacêutica explicou que não se tratou de uma greve, mas de um alerta para o facto de o futuro das farmácias estar a ser decidido no Parlamento. «Queremos continuar a trabalhar com o Serviço Nacional de Saúde, mas está na altura de haver uma comparticipação do Estado pelos serviços prestados», expôs Fátima Baião Santos.


Os utentes gostaram de trocar impressões com a farmacêutica sobre os problemas das farmácias

As pessoas mostraram-se preocupadas por haver mais de 700 farmácias em risco de encerramento, a maioria delas em regiões onde não há outros serviços de saúde de proximidade. «Os utentes são a nossa razão de ser. Dizemos que há luzes que nunca se apagam, porque não queremos que as luzes se apaguem nunca!», enfatizou a farmacêutica.

Às 15h23, as portas da Farmácia Baião Santos voltaram a abrir-se.

 

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