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6 julho 2018
Texto de Sónia Balasteiro Texto de Sónia Balasteiro

Farmácias enviam 4.500 utentes com risco de diabetes ao médico

​Foram confirmados 190 novos casos da doença.

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Dos 8.112 utentes avaliados pelas farmácias entre Novembro de 2017 e Maio de 2018, mais de metade, 4.577, foram encaminhados para o seu médico de família como tendo risco moderado, alto ou muito alto de ter a doença.

Foram realizadas 2.007 consultas médicas através da referenciação das farmácias e diagnosticados 190 doentes que desconheciam ser diabéticos, traduzindo-se em 9,5% dos utentes com diagnóstico de diabetes, revelam os dados da avaliação da participação das farmácias.

Jorge Soares, responsável pelo desafio Gulbenkian “NÃO à Diabetes!”, da Fundação Gulbenkian, explica que «para o sucesso desta intervenção contribuíram dois fatores chave. O primeiro foi a eficácia do recrutamento e identificação das pessoas com risco de diabetes, através da colaboração excecional das farmácias para identificar os utentes, fazer-lhes o teste e encaminhá-los para os centros de saúde». 

O segundo factor, continua o responsável, foi a educação das pessoas para o futuro, com foco nos centros de saúde. «O sucesso do desafio só foi possível graças ao alinhamento de vários parceiros: as autarquias, as farmácias como porta de entrada e os centros de saúde».

O diagnóstico precoce da diabetes é fundamental, explica Adelaide Figueiredo, médica no Centro de Diabetologia do Hospital Distrital de Santarém, para prevenir lesões e complicações associadas, como o enfarte do miocárdio, os acidentes vasculares cerebrais ou o pé diabético, por exemplo. «Em 2015, 44% dos diabéticos não estavam diagnosticados, segundo o livro “DIABETES - Factos e Números”».

O rastreio precoce, com a avaliação do cálculo do risco de desenvolver a doença, com factores como a obesidade, tabagismo ou antecedentes familiares – continua a médica – «é fundamental, porque a diabetes é assintomática no início mas pode provocar lesões em diversos órgãos, como os rins, olhos e sistema vascular, o que vai levar a complicações». 

As farmácias são essenciais como parte dos cuidados de saúde primários, considera Adelaide Figueiredo. «Em qualquer contacto com a comunidade de saúde deve ser avaliado o risco de contrair a doença. E os doentes devem ser aconselhados a mudar para estilos de vida mais saudáveis».

De um total de 8.112 utentes avaliados pelas farmácias, 4.577 foram encaminhados para os seus médicos de família como tendo risco moderado, alto ou muito alto de ter a doença. Foram realizadas 2.007 consultas médicas através da referenciação das farmácias e diagnosticados 190 doentes que desconheciam ser diabéticos, traduzindo-se em 9,5% dos utentes com diagnóstico de diabetes.

É importante que os doentes não cheguem aos especialistas já com «insuficiência renal crónica, o que pode implicar diálise ou transplante renal; retinopatia diabética, que é uma das principais causas evitáveis de cegueira nos adultos; doenças cardiovasculares; ou o pé diabético, que pode levar à amputação». Estas podem levar à perda de autonomia e à morte. «Uma diabetes não diagnosticada, não controlada, com um nível metabólico desregulado e elevados níveis de glicose no sangue, tem um maior risco de complicações e pode conduzir à morte». 

Na verdade – continua Adelaide Figueiredo – sabe-se que os AVC e os enfartes são mais frequentes em doentes com diabetes do que naqueles que não têm a doença e são uma das maiores causas de morte associadas à doença. E «mais de um quarto, ou seja 25% das pessoas que morrem nos hospitais portugueses por outras causas, têm também diabetes».

Entre 14 de Novembro de 2017 e 1 de Maio de 2018, 383 farmácias participaram no Desafio Gulbenkian “NÃO à Diabetes!”, com o objectivo de informar e prevenir o desenvolvimento da diabetes tipo 2.  No total, estiveram envolvidos 64 municípios de todo o país.

As farmácias fizeram a avaliação de risco (Findrisk), com suporte tecnológico e através da comunicação entre o sistema da farmácia (Sifarma) e a Plataforma de Dados em Saúde, sendo os casos de risco mais elevado encaminhados para consulta médica nos cuidados de saúde primários.

Os dados globais demonstram o impacto desta avaliação em resultados de saúde e no prognóstico da doença, ao promover o diagnóstico de pessoas que desconheciam ser diabéticos.

Revelaram ainda a aceitação dos utentes face à avaliação farmacêutica e que esta avaliação permite uma referenciação adequada em função dos riscos detectados, centrada nas necessidades do utente e na articulação entre farmácias e centros de saúde.​
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