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31 agosto 2023
Texto de Irina Fernandes Texto de Irina Fernandes Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de André Oleirinha Vídeo de André Oleirinha

«Nunca deixei de ser genuína»

​​​​​​Das raízes alentejanas às aspirações para ser feliz na vida e no palco. Eis Aurea, intensa e cativante.​

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Está a celebrar 14 anos de carreira. Ainda se recorda da primeira vez em que deu asas à voz num estúdio de gravação?
Sim, lembro-me de tudo e de cada passo. Recordo-me desde os dias em Évora, em que gravei as primeiras músicas, até ao momento em que o meu amigo, e músico, Rui Ribeiro me apresentou à produtora musical e me convidaram para gravar um disco. A minha memória não apaga essas coisas.

Que balanço faz quando revisita o seu percurso musical?
Foi um caminho muito bonito que segui, de uma forma meio surpreendente. Nunca me tinha passado pela cabeça poder cantar ou pisar um palco.

Não?
Sempre gostei de cantar, desde pequenina, mas nunca foi algo que eu quisesse para profissão. Nunca tinha pensado nisso dessa forma, talvez por ser natural para mim. Cantar sempre foi algo muito orgânico, fazia parte do meu dia, tal como comer ou beber água. Os meus pais sempre quiseram que eu e o meu irmão seguíssemos uma carreira académica, então fui para a faculdade... Mas era inevitável que tudo isto acontecesse na minha vida.

Porque diz que era «inevitável»?
Acredito muito no destino e que as coisas acontecem por algum motivo. Acredito que a vida nos vai encaminhando para os sítios certos e para as pessoas certas, e fico muito feliz porque têm sido anos valiosos para mim, enriquecedores ao nível profissional e ao nível pessoal.

Como explica o sucesso até aqui alcançado?
Ai, não sei… [faz sorriso tímido] As coisas têm corrido bem porque nunca  deixei  de  ser  eu e de ser genuína, de fazer o que acho que real- mente devo fazer. Sou fiel aos meus princípios, aos meus valores, e acho que as pessoas sentem isso. Tento, acima de tudo, ser verdadeira.


«Acredito muito no destino e que as coisas acontecem por algum motivo»

O que há na Aurea de hoje comparativamente à Aurea no início da carreira?
Talvez seja menos 'bicho do mato' [risos]. Sempre gostei de estar na minha bolha, com as minhas pessoas, de estar segura. E tudo isto obrigou-me a sair dessa casca e a comunicar com o público. Nunca na vida pensei que fosse capaz de estar em cima de um palco a cantar para milhares de pessoas, isso assustar-me-ia aos 16 ou 18 anos. Superei algumas barreiras, e ainda bem.

Quais são as suas fontes de inspiração para criar música?
Tenho várias, desde a família aos amigos, àquilo que me rodeia, às viagens que faço, a filmes ou livros. Até às músicas de outros cantores, a outras bandas... Sou uma pessoa que adora consumir música, adoro ver concertos.

Que género músical mais gosta de ouvir? Ouve, por exemplo, música clássica?
Se fossem ver a minha playlist iam ficar surpreendidos [risos].

Podemos conhecer alguns temas?
Ouço Coldplay desde o primeiro disco da banda, adoro música brasileira, bossa nova, também ouço Rui Veloso, Amália, Ana Moura… Gosto de muita coisa diferente.

Em dia de concerto, o que não lhe pode faltar?
O brinde com a minha equipa. É algo religioso, é um momento de conexão entre mim e os membros da banda, e acontece desde o primeiro con- certo até aos dias de hoje. Comecei a fazer este brinde no Templários Bar, em Lisboa.

E para estar bem consigo e com o mundo, o que faz?
Acima de tudo, procuro estar bem para conseguir fazer o meu trabalho. Estar a atuar, em palco, durante hora e meia ou mais, é muito exigente e eu não gosto de estar parada. Para isso, tenho de estar em forma e ser saudável. É isso que me inspira a ter um estilo de vida saudável e a me preocupar cada vez mais com a minha alimentação, a minha saúde, o corpo e a mente.



«Acredito muito no destino e que as coisas acontecem por algum motivo»

Como é que o consegue?
Tento ir ao ginásio. Porém, como o ritmo de trabalho é incerto e, por outro lado, viajo muito, acabo por ir apenas em determinadas fases.

E ao nível da alimentação, que preocupações tem? 
Antes dos concertos, no que toca ao jantar, tenho a preocupação de variar entre dois pratos: como bife de frango com pedra de sal ou uma omelete, para não ser sempre o mesmo. Tento ter uma alimentação cuidada e equilibrada. Quando era mais novinha não tinha muito cuidado. Depois comecei a perceber que era importante variar aquilo que ingeria.

Tem algum guilty pleasure?
Tenho vários, mas tento resistir-lhes. Gosto desde pipocas a gomas e também de chocolate. Nem vale a pena tentar dietas porque não deixo de comer [risos]!

A voz é o seu principal instrumento de trabalho. Que cuidados tem?
O mais importante para mim é evitar o ar con- dicionado. Quem viaja comigo passa mal, pois nunca o ligo, seja de verão ou de inverno. É das coisas que mais afeta a nível vocal. E também costumo beber muita água.

“Moods” é o seu novo disco. Como define este filho musical?
É um álbum muito especial para mim, em vários sentidos. Compus a minha primeira música, “Volta”, e tive o privilégio de contar com a colaboração de vários artistas que admiro muito, como o David Fonseca, o Diogo Piçarra, entre outros. Todos eles fizeram uma música para o álbum, e isso deixou-me muito feliz. Quando ouvi o disco percebi que era uma viagem, pois todo ele se complementava, apresen- tando vários estados de espírito. Foi daí que nasceu o título.

“Vou Tirar um Break”, “Só Ser” e “Nada” são alguns dos temas em português neste trabalho. Foi especial cantar na nossa língua?
Não queria deixar de cantar em inglês, mas decidi arriscar e achei que estava na altura de explorar um pouco mais a nossa língua. A nível técnico, o processo muda completamente. Tive de encontrar um caminho, experimentar e perceber o que funcionava, ou não, na minha voz. Foi um grande desafio, que me fez crescer profissionalmente.


«Não queria deixar de cantar em inglês, mas decidi arriscar e achei que estava na altura de explorar a nossa língua»

Foi uma descoberta feliz…
Sim, e já estava na altura. Há anos que me perguntavam quando é que eu iria fazê-lo. Agora senti essa vontade. Tinha de ser algo natural para mim, por isso não valia a pena fazê-lo antes.

Voltará a fazê-lo?
Claro que sim! O tema “Volta” teve um papel muito importante, nesse sentido.

Ora conte-nos…
Eu estava em casa, de madrugada, no sofá, quando a melodia do refrão do “Volta” começou a vir-me à cabeça. Juntei uma palavra e outra, e a coisa começou a desenrolar-se. «Não me digas que vou fazer a minha primeira música sozinha?», disse para mim mesma. Comecei a gravar no telemóvel e a letra saiu de repente, e em português. O “Volta” tem sabor de morna, um sabor diferente, que me surpreendeu, e foi um clique para começar a cantar na nossa língua.

Vimo-la apresentar-se em palco descalça, mas, agora, já usa sapatos…
Eu calço-me só no início do concerto, para ver quanto tempo aguento. Os músicos até fazem apostas [risos]. Mas assim que começo a sentir- me desconfortável tiro logo os sapatos! Portanto, estar descalça faz parte de mim.

É uma artista com raízes alentejanas. O que há em si dessa região?
A paz. Gosto de aproveitar os meus momentos de tranquilidade, de estar no meu canto. Adoro ter- túlias, que são muito habituais no Alentejo. Gosto de estar à mesa a conversar.

O Alentejo também é um refúgio para renovar energias?
Também. Tenho a minha família no Alentejo…

E ainda no Algarve…
Sim, o meu crescimento passou pelo Algarve e pelo Alentejo. Quando iniciava um período de férias, sem aulas ou sem trabalho, ia passá-lo no Alentejo com os meus avós e primos, pois a minha família mantém-se lá. Os meus pais é que estão no Algarve.

Até ao fim do ano vai manter-se dedicada à promoção do álbum?
Sim, vamos continuar em tournée. Temos a agenda cheia, com atuações de norte a sul do país e nas ilhas. Para o ano, vamos continuar e outros projetos vão surgir. Até ao final de 2023, teremos mais novidades.

Ainda tem algum sonho que deseje muito realizar? 
Pode ser banal dizê-lo, mas eu só quero cantar e fazê-lo por muitos anos. Esse é o meu maior sonho.

 

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